É um caos econômico. A dívida supera R$ 700 milhões, a arrecadação caiu de R$ 380 milhões para R$ 80 milhões e a folha salarial do elenco é exorbitante. O cenário encontrado pelo Núcleo Dirigente Transitório do Cruzeiro é assustador e, por isso, uma série de ações é realizada no clube para amenizar a situação.
Uma das medidas é estabelecer em R$ 150 mil o teto salarial para a temporada 2020, quando o time celeste disputará pela primeira vez a Série B do Campeonato Brasileiro. O problema é que a maior parte do atual elenco ganha remuneração superior ao ponto de corte estabelecido. Em alguns casos, o salário é mais de três vezes maior.
É um problema urgente que a nova cúpula celeste terá que resolver. Isso vai acontecer na segunda-feira (6), quando os jogadores se reapresentarão das férias. Os gestores vão conversar com cada atleta, numa espécie de “papo olho no olho”, para definir continuidades e saídas.
Para o presidente do Núcleo Dirigente Transitório, Saulo Fróes, a situação é delicada e piora depois da análise de contratos feitos com alguns jogadores.
"São contratos totalmente fora da realidade do futebol brasileiro. Encontramos cada valor de assustar. Toda hora a gente encontra um fato novo. Isso é muito ruim para o nosso planejamento, mas nada irá nos desanimar para que a gente possa readequar o Cruzeiro num caminho certo e dentro de um sentido profissional. Nós estamos esperando os atletas retornarem para a gente ter uma conversa franca. Hoje o Cruzeiro é outro, não é aquele com dívidas contraídas, sem nenhum planejamento. Vamos conversar com cada jogador através de seus procuradores e temos certeza que vamos encontrar um denominador comum", destacou Fróes em entrevista aos canais ESPN.

Demissões
Nessa quinta-feira (2), dia de aniversário de 99 anos do Cruzeiro, a nova cúpula celeste iniciou uma "limpa" em sua estrutura administrativa com várias demissões. Ao todo estão previstas quase cem desligamentos, isso entre colaboradores e funcionários.
Nem o ídolo Raul Plassmann escapou das demissões. O goleiro campeão da Libertadores de 1976 e da Taça Brasil em 1966 com a camisa estrelada foi desligado nessa quinta-feira.
“Nós assumimos numa situação delicada. Realmente o clube está numa pré-falência, mas estamos fazendo um trabalho profissional e transparente. Essa foi a primeira parte da demissão que vai significar uma economia enorme para o clube”, disse Fróes à ESPN.
Transparência
“Não jogar a sujeira debaixo do tapete”. A torcida celeste cobra transparência da diretoria. Se depender das entrevistas do Núcleo Dirigente Transitório, as ações no clube acontecerão com mais clareza para os cruzeirenses.
“Nós pretendemos colocar no site toda dentro de alguns dias transparência do que acontece no Cruzeiro no dia a dia. Das ações, não só de correções, mas também sanções que forem necessárias para que a gente coloque o Cruzeiro no caminho certo”, explicou Frões.