Denunciado pela Procuradoria da Justiça Desportiva pela ação de torcedores, que cantaram uma música com caráter homofóbico e com apoio ao candidato a presidência Jair Bolsonaro, durante o clássico contra o Cruzeiro, o Atlético já se movimenta para apresentar sua defesa no julgamento, marcado para sexta-feira (28), às 13h30.
De acordo com o vice-presidente do clube, Lásaro Cândido, vários pontos serão apresentados pelos advogados; um deles, a dificuldade de, como visitante no duelo contra o maior rival, controlar as ações dentro do estádio (falta de acesso às câmeras para identificar imediatamente os autores, por exemplo).
"O clássico também veio precedido de uma confusão causada pelo Cruzeiro durante a semana. O atraso na entrega dos ingressos, o descumprimento de várias regras e a tentativa de proibir a entrada de faixas e instrumentos contribuiram para que os ânimos se acirrassem no dia do jogo", comenta o dirigente.
"É muito complicado reprimir cânticos que nascem de uma ou duas pessoas no calor do momento e acabam caindo na boca de outras", acrescenta.
Ainda de acordo com Lásaro, o Atlético tem se preocupado e muito com ações para diminuir cada dia mais este tipo de acontecimento. Para ele, a educação e a conscientização das pessoas são os melhores caminhos para chegar ao patamar ideal.
"O Atlético e suas torcidas organizadas andam juntos e participam de várias ações sociais. Os torcedores estão cada vez mais conscientizados e nós, do clube, estamos fazendo campanhas de formas diversificadas", diz Cândido.
A denúncia:
Enquadrado em dois incisos do artigo 191 por descumprimento do estatuto do torcedor e do regulamento geral de competições, o clube mineiro será julgado nesta sexta, dia 28 de setembro, em sessão da Quinta Comissão Disciplinar. A sessão está agendada para às 13h30.
Vídeos da partida mostram torcedores entoando cânticos discriminatórios contra a torcida adversária. “Ô cruzeirense, toma cuidado, o Bolsonaro vai matar viado”.
No entendimento da Procuradoria o entendimento da Justiça Desportiva é de que “a torcida é parte indissociável dos clubes, sendo deste a responsabilidade pelas atitudes tipificáveis perpetradas por aquela”.
Nesse sentido, a Procuradoria denunciou o Atlético por descumprir o artigo 13-A do inciso V do Estatuto do Torcedor que proíbe os torcedores de entoar cânticos discriminatórios, racistas ou xenófobos; e o artigo 66 do RGC que veda conteúdo político.
O Atlético responderá no STJD ao artigo 191 do CBJD por deixar de cumprir ou dificultar o cumprimento de obrigação legal e o regulamento e corre risco de receber multa de até R$ 100 mil, por infração. Por considerar duas condutas tipificáveis e graves, a Procuradoria pede que as penas sejam somadas.
— Atlético (@atletico) 17 de setembro de 2018O CAM lamenta profundamente as manifestações homofóbicas de parte dos torcedores, no jogo deste domingo, no Mineirão. Reiteramos nosso repúdio a quaisquer gestos de preconceito ou de incitação à violência. #TimeDeTodos pic.twitter.com/PVnR1fMtcb