Diante do questionamento inicial, o diretor financeiro do Corinthians, Raul Corrêa da Silva, exagerou e apontou um prejuízo de R$ 3 milhões a cada jogo da Copa Libertadores disputado com os portões do Pacaembu fechados. A conta tinha os R$ 2 milhões de renda líquida projetados por partida mais R$ 1 milhão em gastos que continuariam existindo mesmo sem público.
Não é bem essa a matemática. Nos três confrontos da primeira fase da última Libertadores, para que se trace um parâmetro, o clube teve rendas brutas que variaram de R$ 1,6 milhão a R$ 1,9 milhão. Descontadas as despesas e a porcentagem da Conmebol, não sobrava mais de R$ 1 milhão.
Além disso, o gasto é muito menor em uma partida sem torcida, até porque não há renda a se dividir ou pela qual pagar impostos. No triunfo por 2 a 0 sobre o Millonarios, computados os R$ 870 pagos pelos quatro torcedores que foram ao Pacaembu amparados por liminares, a renda líquida foi de R$ 144 mil negativos.
De qualquer maneira, o prejuízo é considerável. No ano passado, a bilheteria rendeu R$ 35,1 milhões e representou 10% das receitas do Timão. Quando se leva em conta que o superavit foi de R$ 7,5 milhões, não é difícil prever dificuldade por conta da grana prevista que deixa de entrar nos jogos da Libertadores. Dois fatores, no entanto, tranquilizam Corrêa. Um deles é que o orçamento é conservador, com receitas que costumam superar a expectativa estabelecida. A previsão deste ano para os patrocínios do uniforme, por exemplo, apontam R$ 49 milhões. Segundo o diretor, já há R$ 51 milhões garantidos, com a possibilidade de se chegar a R$ 55 milhões – os números não levam em conta a suspensão dos repasses da Caixa Econômica Federal, o principal patrocinador, por liminar.
O segundo fator é que, justamente pela cautela no orçamento, foram projetadas receitas apenas em três jogos da Copa Libertadores, os três da primeira fase nos quais o Corinthians é mandante. No caso de o time repetir a campanha do ano passado e chegar à final, haverá mais quatro partidas.
Punido preventivamente pela morte do garoto boliviano Kevin Espada na partida contra o San José, o clube do Parque São Jorge tem de atuar com portões fechados até que o caso seja julgado, em um prazo de 60 dias contados a partir da semana passada. A diretoria confia em um julgamento rápido que diminua essa punição ou que, na pior das hipóteses, permita a lotação do Pacaembu a partir das oitavas de final.
É nisso que aposta Raul da Corrêa da Silva, mal acostumado após uma temporada cheia de conquistas.
"O orçamento só tem a bilheteria dos jogos da primeira fase. São três jogos. Até a final, são mais quantos? Quatro? Então, pronto. O Corinthians vai ser bicampeão", sorriu o diretor financeiro.