Neste domingo, Grêmio e Atlético se enfrentam no Brasileirão pelo fechamento do 1° turno. Mas ambos estão de olho mesmo na Libertadores, com jogos decisivos na próxima semana. Assim, o duelo mais acirrado entre os dois clubes está na Justiça, e envolvendo a transação do goleiro Victor. Uma velha discussão que ganhou duas importantes movimentações nos últimos dias, com um passo favorável ao Tricolor e um fato novo que pode beneficiar o Alvinegro.

O Grêmio entrou com ação contra o Galo cobrando o não pagamento de 1.5 milhão de euros na venda de Victor em 2012. Os valores corrigidos ultrapassam os R$ 14 milhões, nas contas tricolores. O clube gaúcho conseguiu que o São Paulo depositasse R$ 10,5 milhões em juízo.

Tais cifras iriam para os cofres do Galo e representam a penúltima e última parcelas da compra de 50% dos direitos econômicos do atacante Lucas Pratto. Agora o Tricolor luta pra poder "colocar a mão" neste montante e quitar 75% do "caso Victor.

Mas o Hoje em Dia apurou que, se o Grêmio conseguiu marcar um gol no caso, o Galo está prestes a contra-atacar, pensando numa virada maior do que pretendia fazer na final da Copa do Brasil 2016. E tem um time amador de São Paulo como "trunfo".

O próprio Atlético solicitou que o São Paulo depositasse os R$ 10,5 milhões em juízo. Entrou em contato com a equipe do Morumbi pra até mesmo pedir agilidade ao SPFC, que estava em atraso de pagamento nas parcelas vencidas em 15 de abril e em julho. O dinheiro foi congelado na Justiça de Porto Alegre.

POSSÍVEL REVIRAVOLTA 

E por lá corre o processo movido pelo Grêmio contra o Atlético, mas com a "intromissão" do Monte Alegre Futebol S.A., que apresentou documentos alegando que detinha 50% dos direitos econômicos de Victor quando ele ainda estava no Paulista de Jundiaí. O Monte Alegre foi um time formado para fazer parte de um projeto de Pelé na formação de atletas, com fundos de inventimento de Luxemburgo e que tinha o Paulista como parceiro.

Neste fato novo apresentado pelo Monte Alegre, a defesa do Atlético visualiza a possibilidade de anular a petição gremista, pois o Imortal Tricolor cobra a venda de uma porcentagem de Victor na qual pertenceria na verdade ao Monte Alegre.

Em consulta ao diretor jurídico do Galo, Lásaro Cândido, o advogado explicou que, se a manifestação  do Monte Alegre for aceita na Justiça, então a cobrança do Grêmio pra cima do Atlético deverá ser anulada.

"No processo apareceu um fato novo e muito grave: o Monte Alegre teria adquirido 50% dos direitos econômicos do Victor ao Paulista de Jundiaí. Juntou documento no processo judicial desse direito. O caso pode ter uma reviravolta, pois o Grêmio teria vendido ao Atlético a parte que não lhe pertenceria. É uma acusação muito grave do Monte Alegre", disse o diretor do Atlético, à reportagem.

Neste novo quadro, o Atlético poderia ser considerado possuidor apenas dos 50% que o Grêmio tinha de Victor quando lhe comprou junto ao Paulista. E esta metade que era a única parcela do goleiro na posse do gaúchos já foi comprada e quitada pelo Galo ainda na gestão Alexandre Kalil. Sendo que os outros 50% estariam na posse do Monte Alegre. E o Galo poderia não  comprar essa metade do time paulista, já que é possuidor do direito federativo do camisa 1.

"O Atlético considera muito grave o Grêmio pretender executar o que não lhe pertence. E estuda medidas contra o Grêmio", segue Lásaro.

PARECER EM PRIMEIRA INSTÂNCIA

Enquanto nem Grêmio, nem Atlético podem usufruir dos 10.5 milhões da transação de Lucas Pratto, a 17a Vara Cível de Porto Alegre, o órgão julgador da ação em primeira instância, decidiu que o Monte Azul não pode ser considerado parte interessada no processo, por ter "apenas interesse econômico".

Além disso, proferiu que o Monte Alegre, na verdade, teria direito a "créditos (50%) de uma futura venda" de Victor; e não seria "detentor dos direitos econômicos do atleta".

Apesar deste parecer favorável, a defesa do Atlético ainda tem instâncias superioras para recorrer e crava: "este caso está longe de acabar".

AÇÃO POR WERLEY
A disputa judicial entre Galo e Grêmio também envolve uma ação alvinegra protocolada na Justiça de Belo Horizonte na qual cobra um ressaecimento envolvendo o zagueiro Werley. Tal processo teve parecer procedente ao Atlético.

O defensor teve 50% dos seus direitos econômicos repassados ao Grêmio como "moeda de troca" na compra de Victor. O Galo permaneceu com a outra metade.

Werley não agradou em Porto Alegre e o Grêmio acabou repassando-o ao Santos e ao Figueirense. O Galo alega que teria direito a um ressarcimento por parte do Grêmio ao repassar o defensor, que atualmente está no Coritiba. Já o Tricolor se manifestou anteriormente no passado, explicando que emprestou Werley gratuitamente.