DNA brasileiro no comando da imprensa chilena

Gláucio Castro - Hoje em Dia
08/06/2014 às 10:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:55
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

O mais difícil para a jornalista Maria José Vasconcelos, 32 anos, não é o grupo em que a Seleção Chilena caiu na Copa do Mundo do Brasil, ao lado de Austrália, Espanha e Holanda. Complicado mesmo é passar no mínimo 20 dias longe do pequeno Tiago, seu filho de quatro anos, que ficou em Santiago.

Apesar da saudade, a chefe da assessoria de imprensa da Seleção Chilena ama o que faz. E não é para menos. O futebol sempre esteve ligado à vida de Maria José. O Brasil também. Ela é filha do ex-jogador brasileiro, Zeferino, hoje com 60 anos, nascido em Recife, Pernambuco, e que se mudou para o Chile por causa do futebol. Com a Copa do Mundo realizada em terras brasileiras, ela não poderia se sentir mais em casa.

A carreira do pai tinha tudo para dar errado. Os primeiros dribles foram com a camisa do Ibis, clube pernambucano apelidado de pior time do Mundo. Logo em seguida, Zeferino conseguiu uma chance no Náutico, depois foi para o Palmeiras e Internacional, até se transferir para o Chile onde atuou em vários times, entre eles Colo-Colo e Universidad de Chile.

No comando do setor da comunicação da La Roja desde o fim de 2012, Maria José teve que lutar contra o preconceito até conseguir o respeito dos atletas e dos colegas de profissão. “Acho que só existem três mulheres comandando imprensa de seleções no Mundo. Não é fácil porque é um universo dominado pelos homens”, explica.

Vencido o desafio, hoje a chilena de sangue brasileiro tira de letra o trabalho. O mais complicado não é viver rodeada de profissionais do sexo oposto, ouvindo normalmente assuntos ligados ao universo masculino. “O mais difícil ainda é fazer os jogadores falarem”, brinca. “Mas não é porque eles não gostam de dar entrevistas. É porque muitos são tímidos mesmo e ficam inibidos nessa hora”, completa.

Além da Copa do Mundo ser realizada na terra do pai, um outro fator vem enchendo de orgulho a jornalista chilena. “O Brasil é bem perto do Chile. Então ficou mais fácil para os chilenos torcerem pela sua Seleção. Além do mais, estamos recebendo muito carinho dos torcedores brasileiros”, diz ela.

Tudo que é divulgado pela La Roja, além dos horários de entrevistas e credenciamento, passa pelas mãos de Maria José, que
tem mais três irmãos: dois homens e uma mulher. “Fui a única que segui na mesma área do meu pai. No início, até ele tinha medo por causa do preconceito, mas hoje todo mundo me apoia e eu sou muito feliz no que faço. A saudade do meu filho é que aperta”, confessa.

Com o futebol presente na vida desde os primeiros anos de vida, Maria José entende bastante do assunto e já tem um forte palpite para esta Copa. “Acho que o Brasil é o favorito. Está jogando em casa e tem ótimos jogadores”, diz.  

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