E o gelo derreteu: Alemanha se despede cedo da Rússia

Hoje em Dia - Belo Horizonte
Publicado em 28/06/2018 às 17:20.Atualizado em 10/11/2021 às 01:04.
 (PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP)
(PIERRE-PHILIPPE MARCOU/AFP)

Para quem ainda não se cansou dos clichês à respeito do torneio na Rússia, coloque mais um na lista: Copa do Mundo é essa máquina de transformar heróis em vilões no espaço de poucos dias. Que o diga o bacana que ilustra essa página.

Toni Kroos é craque do Real Madrid, um dos algozes do 7 a 1 e maestro da seleção alemã em 2018. Toni Kroos operou, no último sábado, um dos maiores milagres dessa competição, ao anotar um gol de falta, espetacular, no encrencado jogo contra a Suécia, já nos acréscimos. 

Toni Kroos garantiu a vitória germânica, e a chance do país se garantir, tranquilamente para as oitavas de final, já que o adversário seguinte seria a pouco perigosa Coréia do Sul, praticamente eliminada. 

Toni Kroos, “especialista em assistências”, para usar a expressão do colega Cristiano Martins, fez o que faz de melhor, só que na contramão, ao tocar na bola e “legalizar” o primeiro gol que seu time tomou ontem, contra a Coreia do Sul. 

E foi assim: fim de jogo, fim de competição para Kroos e seus amigos. Festa e foguetório para alguns brasileiros. E a Alemanha segue uma estranha tradição: nas últimas três Copas do Mundo, os então campeões se despedem ainda na fase de grupos. 

A tradicional frieza teutô-nica, construída historicamente em hordas que vão além do futebol (pense na austeridade da política de Angela Merkel ou nos filmes de Michael Haneke), foi fartamente acionada, como mérito, no último jogo. 

Mas gelo, se não estiver bem refrigerado, se desmancha em condições anormais de pressão. Por anormais entenda-se: a inacreditável dificuldade de furar o bloqueio oriental, a surreal goleada que o México tomava no outro jogo da chave, a falta de brilho de um elenco que, em teoria, joga muitas outras equipes que estão na Rússia para escanteio.

E se frieza, na gramática da bola, é o antônimo de desespero, o que dizer de Neuer, um dos arqueiros mais elegantes da história do futebol, se lançando para o cabeceio, falhando, e tomando o segundo gol de misericórdia? Como diria um dos alemães mais notórios da história, Karl Marx: tudo que é sólido se desmancha pelo ar.

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