Dar um rumo ao Cruzeiro e devolver o clube apenas ao noticiário esportivo nos jornais e programas de TV. Esse é o sentimento que membros das duas chapas que concorrerão às eleições do Conselho Fiscal celeste demonstram em seus discursos.

Nesta segunda-feira (1º), de 17h30 às 20h, na sede do Barro Preto, os conselheiros da Raposa elegerão os novos membros do órgão responsável por fiscalizar documentos e as contas do clube. Desde maio o Conselho Fiscal não tem integrantes, já que os últimos três renunciaram por problemas internos (não disponibilização de documentos por parte da diretoria).

Duas chapas concorrem ao pleito. Tida como chapa da situação, a Força Azul tem como titulares os conselheiros Nagib Geraldo Simões, Paulo César Pedrosa, Wander Gonçalves dos Santos e Tarcísio Dionísio Vítor. Os suplentes são João Luiz Silva e Afrânio Greco.

A chapa Transparência é a oposição e tem como membros os candidatos efetivos Aristóteles de Paula Lorêdo, Giovanni Baroni e Robert de Freitas. Além dos suplentes Carlos Ferreira Rocha, Ricardo Moreira de Souza e Robson Lucas da Silva.

O Hoje em Dia conversou com um membro de cada chapa. Do lado da “Força Azul” a reportagem ouviu Paulo César Pedrosa. Pelo lado da “Transparência” o entrevistado foi Aristóteles de Paula Lorêdo.

Força Azul

Paulo César Pedrosa, candidato ao posto de titular do Conselho Fiscal pela chapa “Força Azul”, fez questão de enfatizar que seu grupo não tem qualquer ligação com o presidente Wagner Pires de Sá. 

“Estamos em uma chapa totalmente independente, em nenhum momento fui convidado por ninguém, por presidente do clube, nada. Fui oposição ao Wagner (Pires de Sá), o Nagib (Geraldo Simões, outro membro da chapa), o Afrânio Greco (membro da chapa), nós fomos oposição à Chapa União (chapa do atual presidente do clube). Apoiamos à Tríplice Coroa (que concorreu contra o Wagner Pires de Sá na eleição presidencial)”, garante Pedrosa.

O candidato da chapa Força Azul aponta ainda que seus concorrentes querem colocar “gasolina no fogo” e não promovem o que ele opina como a solução para o clube no momento: ‘união’.

“Mais de 50 conselheiros que estiveram na oposição nas eleições presidenciais hoje não apoiam o grupo que é tido como oposição. Todos precisam entender que a eleição presidencial acabou. O Cruzeiro é um só, tem que haver união. Mas a eleição do Conselho Fiscal virou sinônimo de ódio. A outra chapa prega o ódio, que quanto pior melhor, coloca gasolina no fogo”, afirma.

Paulo César Pedrosa ainda comentou que o Cruzeiro precisa “lavar roupa suja em casa”.

“Conselho Fiscal tem que chamar a responsabilidade e não levar para a imprensa, para Fantástico, para onde quer que seja, qualquer veículo. Tinham que chamar a responsabilidade e solicitar ao presidente do Conselho Deliberativo os documentos, chamar uma reunião para apontar irregularidades. Se formos eleitos vamos lavar roupa suja em casa e não colocar para a imprensa a situação interna de um dos maiores clubes do País. Vejo com tristeza essa atitude”,

O membro da chapa Força Azul ainda comentou sobre o prazo mínimo que a chapa eleita terá para analisar toda a documentação necessária e que ajudará na apuração do momento atual do clube. “Estamos trabalhando antes da eleição, se eleitos vamos trabalhar mais ainda para olhar documento por documento, analisar toda papelada. Tudo que estiver faltando vamos solicitar ao presidente do conselho. Mas eu já penso que serão necessários pelo menos três meses para apurar tudo. De três a seis meses, porque são mais de oito mil itens a serem investigados”, prevê Paulo César Pedrosa.

Transparência

Aristóteles de Paula Lorêdo, o “Tote”, um dos membros da “Transparência” reiterou que o trabalho do seu grupo fará jus ao nome que escolheram para a chapa.

“Estamos trabalhando com uma expectativa boa, com os pés no chão e conscientes do que estamos falando para os conselheiros. Temos feito contatos com os membros do nosso Conselho Deliberativo e levando para eles a plataforma do nosso trabalho, nossos objetivos e os motivos pelos quais concorremos neste pleito. Queremos fazer um trabalho transparente, como a nossa chapa se chama. Precisamos resgatar o Cruzeiro. Estamos disputando essa eleição quase como uma eleição presidencial. A partir do momento que a diretoria cria chapa para ter o Conselho Fiscal, um negócio totalmente fora da curva, precisamos nos mobilizar”, diz, contrariando o discurso de isonomia do oponente Pedrosa.

Ex-funcionário do Cruzeiro, “Tote” trabalhou no clube de 1999 até setembro de 2018, quando saiu “sem mais explicações” por parte da atual diretoria, a quem ele deu apoio no último pleito presidencial.

“Eu trabalhei sim no clube. Fui tirado, sacado, da noite pro dia, com um sentimento que me tiraram do caminho. Não teve explicação, nada. Apenas me tiraram. Apoiei a chapa do Wagner Pires de Sá, a quem eu chamei de meu amigo e conheço a mais de 30 anos, mas hoje não sei mais o que somos. Estávamos juntos ao lado do doutor José Francisco Lemos, o doutor Gilvan (de Pinho Tavares), estávamos todos do mesmo lado, por isso apoiei o Wagner”, explicou.

Aristóteles ainda disse que sua chapa presa pesa lisura e que conselheiros importantes estão ao lado da “Transparência”.

“Como a eleição na é aberta, é fechada com voto na urna, não dá para prever quantos votos temos a favor ou contra. São 449 conselheiros com direito a voto, claro que temos um levantamento de quem disse estar ao nosso lado. Dentre esses, temos apoio de conselheiros importantes, que querem, assim como nós, só o bem do Cruzeiro”, frisou.

O concorrente a uma das vagas no Conselho Fiscal ainda comentou que não se pode colocar “qualquer um” para assumir um cargo de tamanha importância. “Tem que ter formação técnica para assumir um conselho fiscal. Precisamos tirar o Cruzeiro dessa maré de não passar 24 horas sem que o clube seja envolvido em notícia negativa na mídia. Isso é muito ruim. A cada notícia, a cada bomba que é divulgada ficamos decepcionados. Esse quadro precisa mudar”, enfatizou.

Decisões

Além da decisão fora de campo pela eleição do novo Conselho Fiscal, o Cruzeiro tem dentro das quatro linhas vários compromissos importantes. O clube jogará contra o Atlético nas quartas de final da Copa do Brasil e enfrentará o River Plate-ARG, um rival tradicional no continente sul-americano, nas oitavas de final da Copa Libertadores. Enquanto pegam fogo os bastidores, o técnico Mano Menezes terá que blindar o seu elenco, que antes da parada para a Copa América vivia crise técnica intensa, com nove jogos sem vencer.

Justiça

Concomitantemente a isso, um grupo de conselheiros entrou na Justiça pedindo a saída do vice-presidente de futebol Itair Machado. Na ação esses membros do Conselho afirmam que o atual dirigente não reúne condições estatutárias de ocupar o cargo.

Também nos tribunais a Chapa Transparência tenta com que os conselheiros que prestam serviço para o clube atualmente não possam votar nas eleições que vão definir os novos representantes do Conselho Fiscal.

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