(Ronald Martinez/Getty Images/AFP)
O tapete vermelho sul-americano não verá passar grandes estrelas das eliminatórias continentais para a Copa do Mundo da Rússia-2018: Messi, Neymar, James Rodríguez, Suárez e Cavani não poderão desfilar, proporcionando verdadeiras dores de cabeça aos respectivos treinadores.
Com as ausências do argentino Lionel Messi (Barcelona) e do colombiano James Rodríguez (Real Madrid) por lesão, além dos suspensos Neymar (Barcelona) e os uruguaios Luis Suárez (Barcelona) e Edinson Cavani (Paris Saint-Germain), as diferenças entre as seleções sul-americanos foram reduzidas, mas não se igualam.
No início do longo caminho rumo à Rússia, começam como protagonistas os argentinos Sergio Agüero (Manchester City) e Angel Di María (Paris Saint Germain), os chilenos Arturo Vidal (Bayern de Munique) e Alexis Sánchez (Arsenal), os colombianos Radamel Falcao García (Chelsea) e Juan Guillermo Cuadrado (Juventus) e o peruano Paolo Guerrero (Flamengo).
Messi perderá pelo menos as duas primeiras datas das eliminatórias -dias 8 e 13 de outubro-, que se estenderá por dois anos, até outubro de 2017, e também corre sério risco de ficar fora contra o Brasil, no dia 13 de novembro, em Buenos Aires. 'A Pulga', que quebra um recorde atrás do outro no Barcelona, não poderá começar a saldar a dívida com os exigentes torcedores argentinos, que colocam no craque quase toda a responsabilidade e frustrações dos 22 anos sem títulos da 'Alviceleste'.
Vice-campeão do mundo no Brasil-2014 e continental na Copa América do Chile-2015, os argentinos não aceitam as duas desilusões seguidas no espaço de um ano, principalmente porque Messi não está sozinho na seleção argentina, ao contrário de Neymar no Brasil.
Apesar do técnico Gerardo Martino contar no elenco da seleção argentina com nomes de peso do futebol mundial, como Agüero, Di María e Javier Mascherano (Barcelona), Messi é a grande figura da equipe; tudo gira ao seu redor.
"Temos que nos acostumar a jogar sem Messi", lamentou o 'Tata' Martino. Difícil acostumar-se com a ausência de um dos melhores jogadores da história do futebol. Sem o camisa 10 da Argentina, capaz de criar jogadas do nada e que obriga a equipe adversária a fazer uma marcação especial, Di María e Javier Pastore, companheiros no PSG francês, terão que assumir a responsabilidade da criação de jogadas.
Neymar, o salvador
A situação de Dunga é mais complicada, com a ausência de Neymar, única estrela incontestável do Brasil, nas partidas contra o Chile, recém-coroado campeão da Copa América, no dia 8 de outubro em Santiago, e Venezuela, cinco dias depois, em Fortaleza.
O Brasil, que vem da humilhação histórica no Mundial em casa ( o fatídico 7-1 para a Alemanha) e outro vexame diante do Paraguai nas quartas da Copa América, talvez nunca tenha chegado às eliminatórias com tanto perigo de ficar de fora da Copa do Mundo, algo que nunca aconteceu em sua longa história de sucesso no futebol.
Neymar, suspenso por quatro partidas -já cumpriu duas na Copa América- pela infantil reação contra a Colômbia na fase de grupos da competição continental, carrega nos ombros uma responsabilidade que nenhum dos companheiros na atual seleção brasileira parece ser capaz de carregar.
Mestre sem seus melhores alunos
Pior ainda é a situação do 'maestro' Óscar Tabarez. Luis Suárez ainda precisa pagar quatro partidas de suspensão pela mordida no italiano Giorgio Chiellini na Copa do Mundo no Brasil, enquanto Cavani cumpre dois jogos de suspensão pela expulsão nas quartas de final da Copa América. Isso significa a ausência de dois dos maiores artilheiros da Europa e, sem eles, o início das eliminatórias promete ser complicado para o Uruguai, eterno protagonista da repescagem continental.
A Bolívia, com a altitude de La Paz, e a Colômbia, no Estádio Centenário de Montevidéu, são os dois primeiros e complicados adversários da 'Celeste' nas eliminatórias.
O técnico da Colômbia, o argentino José Pekerman, não contará com a estrela James, artilheiro da Copa do Mundo do Brasil, mas, diferentemente de vários de seus colegas, pode dormir mais tranquilo, porque tem um elenco com nomes em ascensão no futebol europeu que tem a capacidade de substituir o craque do Real Madrid à altura.
O Chile, com sua 'geração dourada' encabeçada por Vidal e Alexis, tem que provar nas eliminatórias que a conquista da Copa América em casa não foi um sucesso passageiro. O técnico argentino Jorge Sampaoli, estabeleceu na equipe um jogo vertiginoso e ofensivo, com o qual dominou vários de seus adversários na Copa América, e não pensa em mudar tão cedo de estratégia.
Por um milagre
As outras seleções das eliminatórias sonham com em surpreender as maiores potências, de olho numa improvável vaga na próxima Copa do Mundo. A Bolívia, em crise após o abandono de vários dos principais nomes do time, como do atacante Marcelo Moreno, prega frases como "patriotismo e valor" para brigar por uma vaga, que só virá com a generosa colaboração da histórica camisa 12 da equipe, a altitude.
Já o Peru quer acabar com a sequência negativa de ausências em Copas do Mundo (desde 1982) e aposta no atacante do Flamengo Paolo Guerrero, artilheiro das últimas duas Copas Américas, enquanto o Equador busca recuperar o protagonismo regional e a Venezuela espera não servir de saco de pancadas das potências tradicionais.
Por último, o Paraguai aposta no técnico argentino Ramón Díaz para continuar o trabalho de reconstrução na equipe, que terminou as eliminatórias para a Copa do Mundo do Brasil na lanterninha do continente.