Em 1972, seleção brasileira jogou em Porto Alegre e foi vaiada a partida inteira

Estadão Conteúdo
31/08/2017 às 09:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:21

(CBF/Reprodução)

Mesmo que não lote a Arena Grêmio, a torcida gaúcha promete apoio incondicional à seleção brasileira nesta quinta-feira em Porto Alegre. Há 45 anos, contudo, isso seria considerado uma afronta no Rio Grande do Sul. O 17 de junho de 1972 entrou para a história do futebol nacional como o dia em que todo um estádio no País torceu contra a seleção brasileira - e como a única vez em que gremistas e colorados torceram juntos. Naquele dia, Brasil e Seleção Gaúcha se enfrentaram no estádio Beira-Rio.

Comandada por Zagallo, a seleção brasileira era a atual campeã mundial e se preparava para a disputa da Copa Independência. Na lista de convocados, ele preteriu o lateral-esquerdo gremista Everaldo, tricampeão em 1970. Mais do que isso, nenhum jogador da dupla Gre-Nal foi chamado. O amistoso contra o selecionado gaúcho serviria como uma forma de compensação.

A torcida, porém, não gostou nem um pouco. "Teve muita rivalidade contra a seleção brasileira pela não convocação do Everaldo e pela primeira e única vez a rivalidade (entre gaúchos) desapareceu porque se uniram gremistas e colorados para torcer pelo mesmo time", recordou Valdir Espinosa, então lateral-direito do Grêmio. "Era Rio Grande do Sul contra Brasil".

A seleção estadual foi formada só por jogadores de Internacional e Grêmio. Havia até mesmo estrangeiros, como o chileno Elias Figueroa e o uruguaio Ancheta. Com 106.554 torcedores, o estádio Beira-Rio registrou o maior público de sua história - quase o dobro da capacidade atual. E todos torceram pelos gaúchos.

A edição do dia seguinte do jornal O Estado de S.Paulo trazia relatos pitorescos da partida. "Um comentarista de rádio perguntou se havia alguém no estádio disposto a torcer pela seleção brasileira e a resposta foi uma vaia que durou alguns minutos", disse uma parte do texto.

A reportagem também assinalou todo o "carinho" da torcida. "Os torcedores dedicaram-se a dizer palavrões para o policiamento, atirar restos de batatas fritas e sorvetes e principalmente a estender faixas nas gerais, sempre de protesto contra a CBD: ‘Jean Marie (Havelange), o Brasil vai até o Chuí’, era uma delas, e segundo comentários tinha uma função educativa: ‘ensinar ao presidente da CBD um pouco de geografia’", narrou o jornal O Estado de S.Paulo. A CBD era a Confederação Brasileira de Desportos, que anos mais tarde cederia lugar à CBF. Havelange a presidia.

O jogo foi disputado e acabou em um grande empate por 3 a 3, com os gaúchos sempre à frente do placar. Agora, a história é totalmente outra. "Naquele jogo, o episódio foi pela não convocação do Everaldo, ponto. Terminado o jogo, passou. Outras vezes a seleção veio aqui e foi muito bem recebida. Contra o Equador, com certeza vai ser de novo", disse Valdir Espinosa.
 

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