O empresário Lúcio Mário Mesquita, 52 anos, e o instalador Jefferson Cleiton do Nascimento, 45, não entraram em campo naquele dia e acompanharam o jogo entre Brasil e Alemanha bem longe do Mineirão. Mas eles são personagens importantes do histórico 7a 1. Os dois foram os responsáveis por produzir e montar as traves e as redes utilizadas no duelo do dia 8 de julho de 2014.
Com mais de 30 anos de experiência no segmento esportivo, os dois profissionais nunca tinham visto nada semelhante acontecer com o material que eles fabricam cuidadosamente para proporcionar alegria – ou tristeza – a milhões de torcedores. Mas, naquela tarde, as redes e traves mineiras entraram para a triste história triste do futebol nacional. O par de redes que balançou oito vezes naquele jogo é o mesmo utilizado atualmente quando o Atlético opta pelo Gigante da Pampulha.
“Fizemos um churrasco para ver o jogo. Quase tive uma congestão”, resume Lúcio Mário. “Fui lá no Mineirão uns dias antes montar as redes com todo cuidado e não podia imaginar que tudo aquilo ia se transformar em tragédia. A gente fica triste. Não era isso que queríamos, mas faz parte da nossa profissão”, completa Jefferson.
Mário Lúcio relembra um fato curioso. “Minhas traves foram do céu ao inferno em pouco tempo durante a Copa do Mundo”, diz o presidente da empresa Pequita Sports, localizada na Região Norte de Belo Horizonte. Na partida contra o Chile, pelas oitavas de final, também no Mineirão, o travessão evitou que o Brasil desce adeus à competição ainda mais cedo.
O chileno Maurício Pinilla acertou o travessão no minuto final da prorrogação. Na cobrança de pênaltis, mais uma vez a trave salvou os brasileiros, depois que os jogadores da La Roja desperdiçaram duas cobranças. “Elas estavam dando sorte. Aí veio a partida contra a Alemanha. Muitos amigos até brincaram comigo sobre esta situação curiosa”, diz.
Sucesso empresarial
A Pequita Sports foi a escolhida em um rigoroso critério de seleção da Fifa que contou com dezenas de concorrentes. Todas as traves e redes utilizadas nos 12 estádios da Copa do Mundo de 2014, campos de treinamento e campos reservas foram produzidas por eles. No total, foram nada menos que 192 conjuntos de traves e redes.
Se por um lado Mário Lúcio sofria como todo torcedor brasileiro, por outro comemorava o sucesso empresarial. Ele evita falar em valores, mas assume que foi o melhor negócio da empresa até hoje. “Sem contar o fato de que ter feito todas as redes e traves da Copa virou nosso cartão de visitas”, vibra.