Dentro das comemorações de inauguração do estádio, a Seleção Brasileira jogou pela primeira vez no Mineirão há exatamente 50 anos. E a equipe já começou a sua trajetória no Gigante da Pampulha fazendo história.

 

A então Confederação Brasileira de Desportos (CBD) optou por não fazer uma convocação para o amistoso festivo contra o Uruguai. E convidou o Palmeiras para representar a Seleção no confronto.

 

O time paulista era comandado pelo argentino Filpo Núñez. E ele se tornou o primeiro e único treinador estrangeiro a comandar a Seleção Brasileira.

 

A vitória por 3 a 0 foi alcançada sem problemas para o Palmeiras, que vivia os tempos da sua primeira Academia. E participar do confronto teve um sabor especial para um jogador da equipe: o zagueiro Procópio, natural de Salinas, no Norte de Minas, e revelado no Renascença.

 

Quando entrou no lugar de Valdemar Carabina, na volta do intervalo, ele se tornou o primeiro jogador mineiro a vestir a camisa da Seleção no Gigante da Pampulha.

 

"No dia 6 de setembro de 1965, véspera da partida, fomos ao Mineirão treinar. Quando entrei no estádio, senti uma emoção estranha. Era muito bonito. Uma coisa espetacular. Isso acabou minimizando a emoção no momento em que entrei em campo para jogar contra o Uruguai”, recorda Procópio.

 

O feito de ser o primeiro mineiro a atuar com a camisa da Seleção no Mineirão acabou diminuindo um pouco a frustração de assistir ao jogo de inauguração do estádio, em 5 de setembro de 1965, das tribunas do estádio.

 

E Procópio revela que teve participação direta, como capitão da Seleção Mineira, campeã brasileira de seleções, em 1963, no aquecimento das obras do estádio.

 

“Aquele título impulsionou as obras, que estavam em ritmo lento. Me recordo do dia em que levei a taça para o então Governador Magalhães Pinto, com uma multidão na Praça da Liberdade, e ele garantiu que em dois anos o Mineirão estaria pronto. Ele errou só por seis meses”, conta Procópio.

 

Vexame

 

Se a Seleção fez história de forma positiva no primeiro confronto que disputou no Mineirão, no último, em 8 de julho do ano passado, deu o maior vexame da sua história.

 

Nas semifinais da Copa do Mundo, o time comandado por Luiz Felipe Scolari perdeu de 7 a 1 para a Alemanha.

 

Foi a maior derrota da Seleção em mais de um século, pois a primeira partida da equipe foi em setembro de 1914, contra a Argentina.

 

Entre a emoção de Pro-cópio e o vexame da segunda versão da Família Scolari, o Mineirão se consolidou nesse meio século de vida como uma das casas da Seleção Brasileira.

 

 

O Atlético e sua forte relação com a seleção brasileira no mineirão

 

Nenhum clube tem tantas histórias relacionadas à Seleção nos confrontos que a equipe disputou no Mineirão. Em 19 de dezembro de 1968, o Atlético vestiu verde e amarelo e representou o Brasil num amistoso contra a Iugoslávia. E depois de levar dois gols com 8 minutos de bola rolando, o Galo alcançou a virada.

 

Em 3 de setembro de 1969, apenas três dias após a vitória por 1 a 0 no Maracanã, que recebeu 183.341 pagantes, maior público da história do estádio, as chamadas “Feras do Saldanha” vieram encarar o Atlético no Mineirão. E foram derrotadas por 2 a 1.

 

Em 26 de junho de 1977, no empate sem gols com a Iugoslávia, o time de Cláudio Coutinho tinha o Atlético como base, pois Toninho Cerezo, Paulo Isidoro, Marcelo e Reinaldo foram titulares da equipe.

 

Equipe totalmente mineira e com três técnicos é contestada por argentinos

 

Em agosto de 1968, Brasil e Argentina disputaram dois amistosos. No primeiro, no dia 7, no Maracanã, a equipe principal, comandada por Zagallo, goleou por 4 a 1.

 

Para a segunda partida, em 11 de agosto, no Mineirão, a CBD optou por uma Seleção Mineira, que teve como treinadores os radialistas Lísio Juscelino Gonzaga, o Biju, Carlyle Guimarães e Jota Júnior. A base foi o Cruzeiro, que teve no time titular Raul, Pedro Paulo, Procópio, Zé Carlos, Dirceu Lopes, Natal, Tostão, Evaldo e Rodrigues. Os atleticanos Djalma Dias e Oldair completaram a equipe.

 

Os mineiros venceram por 3 a 2, mas os argentinos não consideram essa partida como oficial, pois consideram que enfrentaram uma seleção regional.