A orientação era clara: “Torcedores, cheguem ao Mineirão com muita antecedência, para evitar filas e tumultos no entorno do estádio”. Cruzeirenses e atleticanos seguiram à risca o pedido da Minas Arena, empresta gestora do local, Polícia Militar e BHtrans. Porém, os responsáveis pela organização do espetáculo não fizeram sua parte, o que revoltou o público.
O trânsito se apresentava cheio desde as 13h. Já no começo da tarde, gastava-se cerca de 50 minutos do Centro de Belo Horizonte até a Pampulha, com as avenidas Antônio Carlos e Carlos Luz (Catalão) completamente tomadas. Para complicar a situação, o estacionamento só foi aberto às 14h. Isso gerou um enorme congestionamento nas vias de acesso da arena.
“Virou um caos, muita confusão. Estou parado há 50 minutos na porta do estacionamento, o que é um absurdo. Pedem para a gente vir cedo e acontece tal palhaçada, ainda com todo esse calor”, reclamou o alvinegro José Maria, de 35 anos, que saiu de Sabará, na Região Metropolitana da capital, junto do aposentado deficiente Oscar Domingos, de 66.
Muitos torcedores precisaram descer dos veículos, tomando as ruas, em busca de informações e água. Alguns andavam de um lado para o outro. “Paguei um ingresso caro, vou desembolsar mais R$ 30 do estacionamento coberto para ter que esperar resolver a bagunça. O serviço parece que piorou”, lamentou Wagner Gonçalves, 45 anos.
Com tanto atraso e dificuldade de acesso, outro fator ainda tirou a paciência dos motoristas. Faltando uma hora para a bola rolar, os estacionamentos lotaram e fecharam as portas, piorando o cenário. “É incrível o que eles fizeram. Fecham todos os estacionamentos ao redor do Mineirão e não nos fornecem nenhuma informação.
Fiquei dando voltas e tive que parar o carro no bairro Ouro Preto”, afirmou o professor Marcelo Dugulim, 55, torcedor do Cruzeiro. “E não tem uma barraca de água e refrigerante”, completou.
No entanto, ambulantes circulavam tranquilamente, com sacolas recheadas de cervejas. E, ao contrário do que prometeram Minas Arena, PM e BHTtrans, os flanelinhas agiram livremente nos arredores do Gigante da Pampulha. “Exigem pagamento antecipado. Um homem teve a cara de pau de falar: ‘me dá o dinheiro agora, porque não vou ficar aqui até o fim do clássico. Também quero ver o jogo’”, contava Maria Letícia, de 24 anos.