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O Dick´s Sporting Goods Park, em Denver, onde a seleção brasileira enfrentou o Panamá em amistoso neste domingo à noite, é um estádio cercado de campos por quase todos os lados. Ao redor da arena há 24 campos de futebol, que estão sempre ocupados. Durante o dia e, muitas vezes, à noite de acordo com os frequentadores. A bola só para de rolar no inverno, normalmente muito forte no Estado do Colorado. Os campos pertencem ao Dick's Sporting Goods Park, de propriedade do Colorado Rapids, time da primeira divisão norte-americana. Como são propriedade particular, os campos exigem pagamento. A taxa de inscrição, por equipe, para os torneios menores, é de cerca de 800 dólares. Cada campo reúne equipes de torneios diferentes, locais ou regionais e até de outros Estados.
Nos campos têm partidas de meninos, de meninas, e algumas mistas, estas realizadas nos intervalos dos jogos previamente marcados. Jogam times de futebol e, principalmente, de escolas. Da cidade, do Estado e em algumas ocasiões de várias partes dos Estados Unidos. Foi o que ocorreu neste domingo. Quatro campos foram reservados para um torneio de meninas - os jogos de futebol feminino, com garotas entre 12 e 18 anos são esmagadora maioria -, com equipes escolares, que atrai técnicos de várias universidades americanas. "Eles estão aqui em busca de talentos. Para as meninas é uma oportunidade e tanto, pois quem é escolhida ganha o direito de estudar de graça na universidade", disse à reportagem do jornal O Estado de S. Paulo Shawn Ward, policial aposentado na cidade de Colorado Springs.
Ele decidiu passar o domingo em Denver não em busca de uma vaga para um dos filhos. Isso porque o menino, Trent, 19 anos, já joga numa universidade do Oregon. E a menina, Meghan, 21 anos, faz parte do time da Buena Vista University, no Yowa.
Meghan, aliás, adora futebol. "Jogo praticamente desde que nasci", exagerou a moça, vestida com uma camisa azul da seleção brasileira. Desta vez, está no complexo do Dick's Sporting para trabalhar com juíza nos jogos do torneio. Fã no futebol brasileiro, ela faz questão de dizer que seu apelido é Dunga. Explicação: "Nasci em 1994, ano que o Brasil foi campeão aqui nos Estados Unidos e meu pai me colocou este apelido. Eu gosto bastante", disse a meio-campista.
O gosto do pai pelo futebol tem uma explicação. Ele foi missionário na Amazônia quando jovem e se apaixonou pelo esporte. "Eu já gosto do futebol pela criatividade que exige, pela ginga", interrompe Meghan. Noutro campo, voltado para vários bairros de Denver localizados próximos ao estádio do Colorado Rapids distribuiu medalhas e troféus para as vencedoras na categoria sub-16. "Quero ser uma jogadora profissional, como Lloyd", diz Kristin-Scott Willians, de 14 anos. Carli Lloyd, meia do Houston Dash e da seleção norte-americana, foi eleita a melhor jogadora do mundo neste ano.
Esse também é o sonho de Ella Spanger, de 13 anos. Quando falou com a reportagem, ela estava deitada num gramado ao lado de um dos campo perto da mãe, Jennifer - muitas famílias vão ao complexo com cadeiras, toalhas, esteiras e lanche e fazem dos jogos um programa. "Ela já jogou de manhã num time para meninas da idade dela", explicou Jennifer.
Ella disse jogar no time de sua escola há um ano. "Eu gosto bastante de futebol. É algo que me relaxa e me possibilita fazer amigos", justificou a menina. As referências das norte-americanas são todas do próprio país. Do futebol brasileiro, as meninas só conhecem Neymar e Hulk. "Admiro como os brasileiros dominam a bola e conseguem ficar com ela", diz a defensora. "Hulk tem um jogo de bastante agressividade, como diz o seu nome", diz Joanna Stevenson, de 15 anos. Para Evelyn Grace Thomas, o futebol é apenas uma forma de lazer nos finais de semana. "Gosto de movimentar o corpo, encontrar os amigos, mas quero ser médica", diz a estudante de 16 anos.
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