Ex-colega de Suárez em time uruguaio, italiano quer surpreender no vôlei de praia

Estadão Conteúdo
05/08/2016 às 19:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:11
 (Divulgação/RIo2016)

(Divulgação/RIo2016)

Uma espécie de anti-herói do vôlei de praia promete roubar a cena no Rio-2016. Temido pelo saque jornada nas estrelas - que lhe rendeu a alcunha de Mr. Skyball - o italiano Adrian Carambula, 28 anos, é assunto nos bastidores da Arena do Vôlei de Praia, em Copacabana. Apesar de não ostentar medalhas, o atleta se destaca pelo carisma e a trajetória curiosa. Nascido no Uruguai, ele deu os primeiros passos no esporte no futebol e chegou a jogar nas categorias de base do Urreta Futbol Club com Luis Suárez, uma das estrelas do Barcelona ao lado de Lionel Messi e Neymar.

A carreira nos campos foi interrompida aos 15 anos. Carambula viveu a maior parte de sua vida em Miami, nos Estados Unidos, onde começou a jogar vôlei de praia. Até o ano passado, entretanto, sequer figurava no ranking da Federação Internacional de Vôlei (FIVB, na sigla em inglês). Foi o baiano Paulão - da antiga dupla de praia com Paulo Emílio - quem descobriu o atleta e teve a ideia de levá-lo para ser parceiro de Alex Ranghieri pela esquadra azurra, o que foi possível porque Carambula é neto de italianos.

O brasileiro é técnico da dupla que abre as competições de vôlei de praia na Olimpíada, neste sábado, jogando contra os austríacos Doppler e Horst, às 10h. Carambula e Ranghieri estão no Grupo A, o mesmo dos brasileiros Alison e Bruno Schmidt - tem ainda os canadenses Binstock e Schachter.

Na segunda-feira, Alison citou especificamente o italiano ao falar dos adversários da primeira fase. "Ele gosta de jogar contra o vento e dar esse saque. É uma bola que vai muito alta e acho até que ultrapassa a arena (que no Rio equivale a um prédio de sete andares). Ele tem muita precisão. É um atleta muito habilidoso", disse o brasileiro, que fez intercâmbio com os italianos no início do ano.

Nos bastidores corre a história de que os austríacos chegaram a utilizar um canhão para simular o saque de Carambula nos treinos. "Todo mundo fala dele porque o Adrian tem muito carisma e dá um show na arena com o jornada nas estrelas. É uma arma que pode deixar os adversários em dificuldades", diz Paulão. A ideia é dificultar a recepção do outro time e facilitar o ponto forte do parceiro Ranghieri: o bloqueio. Carambula conta que desenvolveu o fundamento em Miami, para tirar vantagem do vento local.

O jornada nas estrelas - saque por baixo, em que a bola é acertada de forma a atingir grandes alturas - é muito familiar para os brasileiros. O saque consagrou seu criador Bernard, capitão e um dos líderes da "geração de prata" do País na Olimpíada de Los Angeles-1984.

A memória afetiva pode acabar despertando a simpatia da torcida verde e amarela pelo italiano. Carambula, entretanto, afirma que desconhecia a história do veterano brasileiro até pouco tempo. "Fui apresentado ao Bernard no ano passado e me contaram que ele costumava sacar assim, mas eu não tinha ideia. Ele é da velha guarda do vôlei", comenta.

Dos tempos do futebol na infância restou a amizade com os irmãos Luis e Maxi Suárez, com quem o italiano mantém mais contato. "Eles sempre jogaram com garra, dando seu melhor. O dinheiro não os mudou e isso é um grande valor", afirma ele, fã declarado do argentino Lionel Messi e do Barcelona.

Baixinho para os padrões atuais do vôlei de praia - ele tem 1,82m contra 2 metros do parceiro Ranghieri -, Carambula faz o estilo "figura", desfilando pela Arena de Copacabana de boné branco virado para trás, óculos escuros e tênis com as cores da bandeira italiana. Sem papas na língua, em 2014 chegou a chamar o astro do basquete americano LeBron James de vendido no Facebook por encorajar o consumo de "fast food" ao fazer uma propaganda do McDonald’s. Também é capaz de postar vídeos do parceiro Ranghieri cantando de maneira desafinada no quarto de hotel para dizer como é dura a vida em temporada.

Em relação à expectativa em sua primeira Olimpíada, Carambula diz que pretende se divertir. "Estar aqui jogando na Olimpíada pelo vôlei de praia é absolutamente surreal, nunca esperei por isso. Acredito que esse esporte me escolheu, não foi algo que persegui. Vou retribuir essa honra dando o meu melhor e agradecendo todos os dias por ter a oportunidade de jogar", diz. Sobre quais as possibilidades de sair com uma medalha ele está confiante. "Acredito 100%", afirma.

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