As respostas bem-humoradas são uma clara evidência de que Luiz Felipe Scolari está em paz com o travesseiro. Os longos anos no banco de reservas transformaram esse gaúcho de 65 anos em um sujeito capaz de tirar o melhor proveito da pressão. E pressão não faltará no duelo de hoje, contra o Chile, às 13h, no Mineirão, pelas oitavas de final da Copa do Mundo.
“Chegamos a um momento da competição que nos assusta mais, porque não podemos mais perder. Não é apenas o fato de jogarmos a Copa no Brasil, é por termos a obrigação de vencer. Quando fico sozinho, refletindo, acabo me sentindo mais inseguro. Ninguém em sã consciência fica tranquilo diante de um momento como este”, confessa Scolari, que não se deixa envolver pelo extracampo no momento de passar tranquilidade a seus comandados.
“Quando estou com eles, a história é outra. Passo a segurança que precisam perceber em mim. Mas é normal que todos sintam um pouco de ansiedade antes de uma partida de mata-mata”, assegura o comandante da Seleção, que terá pela frente neste sábado (28) Jorge Sampaoli, 11 anos mais jovem e um dos treinadores mais cobiçados da atualidade.
O próprio rival desta tarde afirma que Sampaoli colocou o futebol chileno em um patamar mais elevado. Seu trabalho na Universidad de Chile, em 2011 e 2012, encantou o continente, e a chegada à seleção nacional gerou muita expectativa sobre um time que, até então, não passava de coadjuvante.
“O Chile passou a ter uma nova dinâmica sob o comando do Sampaoli. O desempenho se tornou muito melhor. Os jogadores se adaptaram rapidamente a um esquema que é superior ao anterior. A partir da entrada dele, a equipe produziu de tal forma que passou a ser colocada em um patamar mais elevado”, afirma Felipão.
Sampaoli também é só elogios ao adversário das oitavas de final. Para o argentino, a qualidade de Scolari e seus comandados é superior a qualquer outro fator que poderia acarretar na eliminação chilena.
“Vencer o Brasil, sem sombra de dúvidas, não é fácil para ninguém. Estatisticamente isso vale para qualquer seleção. Ainda mais quando jogam em casa, com o apoio não só do estádio, mas de um país inteiro. Muito se fala sobre arbitragem caseira e outros fatores que vão além do campo, mas o que me preocupa mesmo é a qualidade do treinador brasileiro e de seus comandados”, afirma o técnico do Chile.
Confirmados
Sampaoli desconversa quando fala sobre as táticas que pretende adotar neste sábado no Mineirão, mas não esconde o jogo sobre a participação de seus principais astros na partida.
O meia Vidal, que passou por uma cirurgia no joelho direito antes do Mundial e ficou de fora dos dois últimos treinos, vai para o jogo. Já o zagueiro Medel, com cansaço muscular, pode ficar de fora.
No Brasil, a única alteração deve ser no meio de campo, com a entrada de Fernandinho no lugar de Paulinho. O restante do time será o que bateu Camarões, na última segunda, pela terceira rodada da fase de grupos.
Retrospecto brasileiro não empolga o treinador
Que o Chile é um freguês histórico do Brasil ninguém duvida. No retrospecto geral, são 68 partidas, com 48 vitórias da Seleção, 13 empates e apenas sete derrotas. O Brasil marcou 159 gols no histórico do confronto e sofreu 58.
Em Copas do Mundo foram três confrontos (1962, 1998 e 2010), todos com resultado tranquilo e classificação assegurada para o time tupiniquim.
Mas os números não empolgam o técnico Luiz Felipe Scolari para o duelo desta tarde, no Mineirão. “O time chileno que vai entrar em campo não é o que jogou contra o Brasil em 1962 ou 1998. São outros jogadores, com um desempenho recente de muito respeito”, assegura o treinador, que prefere se apegar aos confrontos que aconteceram em 2013 entre as duas equipes.
“Estatística por estatística, prefiro me lembrar do fato de que, no ano passado, os enfrentamos duas vezes e foi muito difícil. Empatamos aqui mesmo em Belo Horizonte, por 2 a 2, e vencemos por 2 a 1 em um amistoso no Canadá”, lembra Felipão.