Fifa cria novo código de ética e órgãos contra corrupção

AE-AP
Publicado em 17/07/2012 às 10:57.Atualizado em 21/11/2021 às 23:37.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou nesta terça-feira que a entidade aprovou a criação de um novo código de ética, após realização de reunião extraordinária ocorrida em Zurique, na Suíça. O organismo que controla o futebol mundial também anunciou a formação de dois novos órgãos que investigarão casos de corrupção internos.

A reunião extraordinária realizada nesta terça aconteceu logo depois de a Justiça suíça divulgar os documentos do caso ISL, que comprovaram que João Havelange, ex-presidente da Fifa, e Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, receberam suborno da empresa de marketing em questão, que faliu em 2001.

De acordo com o processo sobre o caso, Teixeira recebeu US$ 13 milhões (em valores atualizados) entre 1992 e 1997, enquanto Havelange ganhou US$ 1 milhão (também em valores atuais) em 1997 da ISL em troca de vantagens no processo de venda dos direitos de transmissão da Copa do Mundo.

Para combater a corrupção em suas próprias fileiras, a Fifa apontou o ex-promotor dos Estados Unidos Michael J. Garcia como líder de um dos dois novos órgãos criados pela entidade. Já o comandante do outro órgão que terá o objetivo de descobrir irregularidades internas será o juiz alemão Hans-Joachim Eckert, presidente da câmara de julgamento do novo tribunal de ética da Fifa.

Ao falar sobre o papel de Garcia, Blatter destacou nesta terça que o norte-americano terá de analisar o caso ISL. "Ele não terá apenas de escrever, mas o dever de analisar este caso em sua ética, as questões morais e em seguida apresentar um relatório ao Comitê Executivo da Fifa", disse o dirigente.

Blatter, porém, enfatizou que o "Tribunal Federal da Suíça já deu a sua decisão sobre o caso, com implicações legais e financeiras" e que a Fifa irá discutir apenas a "questão moral do caso".

Garcia também terá autoridade para buscar novas provas de casos antigos de corrupção, entre eles os que apontam a possibilidade de subornos a membros do Comitê Executivo da Fifa durante o processo de escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.

Na última quinta-feira, pressionado pela revelação do escândalo do pagamento de propinas para João Havelange e Ricardo Teixeira, Blatter acabou admitindo publicamente que sabia da existência do fato, mas se defendeu alegando que nos anos 1990 o pagamento de subornos não era um crime na lei suíça e que, portanto, não tinha o que denunciar naquela época.

Já no último final de semana, uma entrevista reproduzida pelo jornal suíço SonntagsBlick revelou que Blatter disse que Havelange deveria deixar o cargo de presidente de honra da Fifa depois da divulgação dos documentos do caso ISL. O atual mandatário sucedeu o brasileiro na presidência da entidade em 1998, sendo que antes disso trabalhava para Havelange como diretor. O dirigente, porém, garante que só teve conhecimento das propinas após a falência da ISL, em 2001.


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