Fim do mistério: assim como o vice Lásaro, Sette Câmara não concorrerá à reeleição no Atlético

Henrique André
@ohenriqueandre
Publicado em 12/11/2020 às 15:15.Atualizado em 27/10/2021 às 05:01.
 (Hoje em Dia)
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O mistério sobre as eleições para o próximo triênio no Atlético finalmente teve fim na tarde desta quinta-feira (12). Após convocar entrevista coletiva para a imprensa, realizada na Sede do Clube, no bairro de Lourdes, Sérgio Sette Câmara oficializou aquilo que já era dado como certo nos batisdores: assim como  o vice Lásaro Cândido, que já havia deixado claro que não participaria do pleito, o atual mandatário também tirou o time de campo.

Eleito no final de 2017, com 266 votos, Sérgio vive momentos de altos e baixos, principalmente quando se trata da relação com parte de imprensa e torcida. Reservado e de poucas aparições, ele precisou melhorar no quesito "popularidade" para que a relação não chegasse ao máximo do desgaste. Prova disso é que, principalmente nesta temporada, o presidente se tornou mais acessível para entrevistas e também mais adepto ao uso das redes sociais.

"Fico triste quando escutamos alguma pessoa dizendo que não sou atleticano. O sujeito que tem a honra de ser presidente do clube, tem que ser muito atleticano. Jamais deixarei o clube. Abri mão de muitas coisas da minha vida pessoal; tive dificuldades até de frequentar restaurantes ou festas. Esses três anos me consumiram demais, até em problemas de saúde. O Atlético consome quem está aqui. Nunca me faltou coragem. Não é possível você administrar a sua vida pessoal durante o período que você está aqui, com a tranquilidade que outras pessoas têm. Meu papel no Atlético foi cumprido. A minha missão, como ex-militar que fui - usamos muiito esta frase -, foi cumprida".

"Até insisti com o Lásaro para ser meu sucessor, mas ele infelizmente não aceitou. Uma pena. Mas, com certeza, mesmo fora da diretoria, continuará ajudando o clube. Ele me deu a felicidade de tê-lo ao meu lado nestes últimos anos. Meu papel foi cumprido e deixamos o Atlético em outro patamar. Estamos conversando com o grupo para a indicação de uma chapa. Em respeito aos conselheiros que serão consultados, me reservo a não citar nomes. Sairá uma chapa muito boa que vai fazer valer todo este sacrifício que tivemos para fazer essa transformação no Atlético", destacou.

Acumulando no currículo apenas o título do Campeonato Mineiro de 2020, Sette Câmara foi questionado se tentar estender o mandato até fevereiro de 2021, quando se encerra a atual edição do Campeonato Brasileiro. Levantar o caneco, principalmente para ele, seria fechar o ciclo com chave de ouro. Caso atinja o feito, deixaria o cargo como o segundo a conquistar a competição mais importante do país. Contudo, na resposta, ele afirma que não guarda tal vaidade (de ser o responsável para levantar o caneco) e rechaçou tal possibilidade.

Apesar das obras da Arena MRV terem sido viabilizadas e o sonho da nossa casa iniciados no mandato do, agora, futuro ex-presidente, o sucessor é quem será o responsável por "cortar a fitinha" na inauguração. Assim como Daniel Nepomuceno, antecessor que, de fato, tornou o sonho da Arena realidade, Sette ficará na história como integrante do processo.

"Uma parte da torcida às vezes não sabe a dificuldades que enfrentei para comandar o Atlético. A arte de falar "não" deve ser dominada pelo presidente do clube desde o primeiro dia de trabalho. Isso é difícil de se fazer, mas faz parte do dia a dia. Os interesses do clube têm que estar sempre em primeiro lugar, doa a quem doer. Tenho a consciência tranquila de que fiz e que vou fazer isso até o último dia da minha gestão. Posso garantir também que este assento, que é quase uma cadeira elétrica, não é para qualquer um. Quando o clube está bem, os méritos vão para o treinador, para os jogadores ou até para o diretor. De modo geral, as pessoas só lembram do presidente na hora das dificuldades e quem, teoricamente, deveria pagar esse preço. Durante estes três anos, matei no peito as muitas tentativas que tiveram de nos prejudicar, e com o Lásaro sempre do meu lado para enfrentar estes problemas", disse Sérgio.

"Durante a minha gestão, jamais colocamos o pé no chamado Z-4 do Campeonato Brasileiro. Recebemos um elenco na "conta do chá" e envelhecido. Tínhamos jogadores como Fred e Robinho ganhando salário absurdos. Procuramos fazer uma ajeitada na casa, com jogadores emprestados. Quando você não tem dinheiro para fazer contratações certeiras, é muito complicado. Alguns deram certo, outros não. No segundo ano, lembrando que tínhamos que respeitar contratos, fizemos certo investimento com retorno ao clube, como o Emerson (lateral). Nossos valores totais giram na casa dos R$ 100 milhões por ano (de vendas). Em dado momento, quando assumimos o clube, fomos pegando experiência com o passar dos campeonatos e vai aprendendo muito. É quase impossível fazer um ajuste financeiro e, ao mesmo tempo, ter um time competitivo. Nossa situação era muito complicada, até pior que a do nosso rival Cruzeiro, na mesmo época. A diferença é que fomos austeros e corretos. Procurei o Rubens Menin, pensando na inauguração da nossa Arena, e ele abraçou o nosso projeto. Talvez, um dos grandes méritos da nossa administração", acrescentou.

Eleições e candidatura

As eleições que definirão quem será o próximo presidente do Atlético estão marcadas para 12 de dezembro. Nos bastidores, acredita-se que existirá apenas a chapa da situação, ou seja, sem candidatos de oposição. Para o triênio 2021-23, o ex-vice presidente Sérgio Coelho (gestões de Ricardo Guimarães e Nélio Brant) deverá ser confirmado em breve como nome dos mecenas Menin, Guimarães e Salvador.  O advogado José Murilo Procópio será o vice da chapa.

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