O time do Flamengo conseguiu o mais difícil. Controlou os nervos e o desejo de festa antecipada que tomou conta do Rio de Janeiro nos últimos dias. O tradicional oba-oba que já vitimou outras equipes rubro-negras, algumas mais forte do que o grupo atual. A festa limitou-se à arquibancada. A euforia dos mais de 56 mil rubro-negros não contaminou os jogadores em campo. E não havia motivo. Não depois que o Goiás abriu o placar aos cinco minutos de jogo. Mas se recobrou, virou o placar e garantiu a vaga na final da Copa do Brasil com folgas: 2 a 1. No agregado: 4 a 2.
Se do lado de fora havia uma empolgação e uma confiança irrepreensíveis - nem mesmo a chuva e o trânsito caótico assustaram os torcedores - de que a classificação era uma questão de tempo, mais precisamente 90 minutos, os homens de Jayme de Almeida mostravam que haviam absorvido o discurso de seu técnico. Nada de comemorar de véspera, nem mesmo com a possibilidade de perder até por 1 a 0.
Cada bola era disputada com muito vigor pelos rubro-negros. Carrinhos, encontrões, marcação dura. E tudo isso foi necessário, graças a Eduardo Sasha. Debaixo da chuva, os espíritos flamenguistas gelaram quando o atacante adversário fez um belo gol de cabeça, logo aos cinco minutos. No cruzamento de David, Sasha acertou um toque preciso, no ângulo de Paulo Victor.
O baque durou alguns segundos na arquibancada e vários minutos em campo. A torcida prontamente respondeu com coro de apoio, mas seus jogadores entraram desacerto. Quando a equipe da casa ainda tentava recobrar a tranquilidade, uma boa trama ofensiva: Paulinho, Elias, Hernane. Com o centroavante, na área do Maracanã não tem perdão. Um toque de categoria por cobertura e Renan caiu ao chão, a bola, na rede, aos 14 minutos. A ordem parecia restabelecida. E qualquer temor evaporou quando Elias acertou um petardo em diagonal, no ângulo esquerdo de Renan 10 minutos depois.
O Goiás chegou a dar indícios de que poderia concretizar o impensável: vencer o Flamengo e sua fiel torcida no Maracanã. Nos minutos em que esteve à frente no marcador, mostrou calma e consciência tática, natural para um time que portava-se com a tranquilidade de quem sabia que a missão era tida como impossível.
Mas a virada veio e o Flamengo estabeleceu o controle da partida. Mesmo no segundo tempo, quando esteve mais acuado, não foi ameaçado de forma nítida. Algumas chances goianas nos cruzamentos, na pressão sem estrutura, mas nada que forçasse Paulo Victor a uma intervenção mais elaborada.
Na verdade, a festa da torcida poderia e deveria ter sido mais intensa e por mais tempo. Hernane faria um segundo gol, em excelente troca de passes entre Leonardo Moura e Elias, o melhor em campo. Erradamente, a arbitragem anulou o lance.
Mas a decisão não pesou no resultado final. Com pragmatismo, sem entrar no clima da arquibancada, esse criticado time do Flamengo se garantiu o direito de sonhar em entrar para o rol de campeões do clube.
Na final da Copa do Brasil, o Flamengo terá de jogar a primeira no estádio Durival de Britto, em Curitiba, no próximo dia 20. O segundo jogo será no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, no dia 27.
FICHA TÉCNICA
FLAMENGO 2 x 1 GOIÁS
FLAMENGO - Paulo Victor; Leonardo Moura, Chicão, Wallace e André Santos; Amaral, Luiz Antônio, Elias e Carlos Eduardo (Diego Silva); Paulinho (González) e Hernane. Técnico: Jayme de Almeida.
GOIÁS - Renan; Vitor, Ernando, Rodrigo e Mário Sérgio (Ramon); Amaral, David, Thiago Mendes e Renan Oliveira; Roni (Welington Jr) e Eduardo Sasha (Junior Viçosa). Técnico: Enderson Moreira.
GOLS - Eduardo Sasha, aos 5, Hernane, aos 14, e Elias, aos 24 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS - Leonardo Moura, Luiz Antônio e Carlos Eduardo (Flamengo).
ÁRBITRO - Leandro Pedro Vuaden (Fifa/RS).
RENDA - R$ 3.375.410,00.
PÚBLICO - 49.421 pagantes (56.224 no total).
LOCAL - Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).