'Forças externas' garantem Adilson no Cruzeiro, e resultados no Mineiro definirão futuro do técnico

Guilherme Piu
@guilhermepiu
12/03/2020 às 16:50.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:55

(Cruzeiro/Divulgação)

Cruzeiro/Divulgação

Oito homens e a dificuldade em guardar um segredo. Até parece nome de filme, mas essa é a realidade do Conselho Gestor do Cruzeiro, que nesta quinta-feira bateu cabeça em torno da demissão do técnico Adilson Batista. 

A derrota frustrante por 2 a 0 para o CRB no Mineirão, na última quarta-feira, fez com que esta quinta começasse com a notícia da saída do treinador. Entretanto, horas depois fotos disparadas pela assessoria do técnico mostravam Adilson Batista almoçando ao lado do diretor de futebol Ocimar Bolicenho, do supervisor administrativo Benecy Queiroz, do gerente de futebol Pedro Moreira, além de membros da comissão técnica cruzeirense no centro de treinamento do clube.

Força do investidor

Mas a opinião de um investidor contou muito para a permanência de Adilson Batista. Pedro Lourenço "segurou" o comandante no clube e, agora, voltou a ser peça-chave para o fico do técnico na Toca II. 

À Rádio Itatiaia o empresário Pedro Lourenço disse que preferiria esperar o fim do Campeonato Mineiro para tomar uma decisão sobre o futuro do treinador. Entretanto, afirmou que essa decisão não seria tomada exclusivamente por ele próprio, e que o Conselho Gestor seria o responsável por definir pela permanência ou saída de Adilson Batista. Como aconteceu de fato, mas escancarando diferenças de opiniões entre os próprios membros do Núcleo. 

Há no Núcleo Dirigente Transitório quem queira essa troca de técnico, mas há quem pensasse como Pedro Lourenço: "que agora não é o momento". 

"Não é que são contra, eles (membros do Conselho Gestor) pedem para fazer avaliações por causa dos resultados todos. Opinião cada um tem a sua, lógico, mas ninguém foi contra a permanência dele. Apenas citaram resultados que não são favoráveis, pediram para pensar. Mas isso aí (demissão) se for o caso será para frente, por enquanto a posição nossa é essa (pela permanência", explicou Saulo Fróes em entrevista ao Hoje em Dia

Certo mesmo é que Adilson Batista se encontra na Toca II, preparou o treino desta quinta, e os jornalistas aguardam o início da atividade para saber se de fato o comandante desta atividade será "AB".  

Palavra do gestor 

O gestor de futebol estrelado, Carlos Ferreira, em entrevista na Toca II na tarde desta quinta, confirmou que o Conselho Gestor tratou sobre à permanência do técnico. E que o grupo resolveu apostar na permanência de Adilson Batista mesmo com resultados que não têm sido favoráveis. 

"Desde as primeira horas do dia nos reunimos através do grupo, haja vista que não tínhamos como nos reunir pessoalmente. Fizemos essa reuinião ao longo do dia através do grupo. Algumas questões debatidas, análises sobre desempenho do time e como definiríamos com relação à permanência ou não do Adilson Batista. Depois de muito debate chegamos à conclusão pela permanência do Adilson. Essa permanência se deu pelas dificuldades encontradas pelo Adilson para desenviolver o seu trabalho a nível de resultados. Os resultados não são os esperados pela torcida, assim como para nós, mas nós confiamos no trabalho do Adilson", garantiu.

Como o Hoje em Dia publicou, o nome de Adilson Batista não é unanimidade no Conselho Gestor. E outros nomes de técnicos chegaram a ser discutidos pelos membros do Núcleo Dirigente Transitório. O de Guto Ferreira, demitido há cerca de um mês do Sport, foi um dos cogitados. 

Mas, a contratação de um novo técnico passava, obviamente, pela saída do atual. Algo que não aconteceu. Assim como no começo do ano, quando Adilson Batista foi mantido mesmo após existir conversas e quase o "bater do martelo" com Enderson Moreira - hoje no Ceará -, que estava praticamente acertado para comandar a Raposa em 2020.

Pensar diferente causou ruptura

E pensar diferente no Conselho Gestor (CG) já causou rupturas no grupo. O empresário e prefeito Vittorio Medioli deixou à vice-presidência do Núcleo Dirigente Transitório, dentre alguns problemas, por divergências de pensamento com alguns membros do CG. O fato de viver o dia a dia da política também foi um dos fatores, mas não o único, para a saída de um dos homens mais ricos do Brasil da gestão compartilhada do Cruzeiro. 

Depois de Medioli foi a vez de Pedro Lourenço deixar o cargo de gestor de futebol dentro do Núcleo Dirigente Transitório. Mesmo assim "Pedrinho" tem sido um dos mais influentes no futebol do clube, arcando com parte de salários de atletas, pagando premiações por vitórias (bichos) e "dando pitacos" importantes em decisões cruciais.

Na vaga de Pedro Lourenço assumiu Carlos Ferreira, que ao lado de Ocimar Bolicenho tem conduzido o processo de reconstrução do futebol propriamente dito do Cruzeiro.

Último "player" a entrar no Conselho Gestor, o advogado Walter Cardinali foi o terceiro a deixar o grupo. Ainda em janeiro Cardinali não fazia mais parte da composição que assumiu após a renúncia de Wagner Pires de Sá à presidência estrelada.

O advogado, segundo apurou o Hoje em Dia, não tinha bom trânsito com a maioria dos membros do Núcleo, e por isso deixou o grupo. 

  

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