A inesquecível cena do alemão Philipp Lahm erguendo a taça da Copa do Mundo do Brasil, no Maracanã lotado, completa um mês nesta quarta-feira (13). A reedição do torneio em solo canarinho, 64 anos depois de 1950, poderia se tornar um marco para a reestruturação do futebol nacional.
Porém, com exceção do legado físico (novas arenas e raras obras de mobilidade), a esperada mudança de mentalidade não aconteceu. Pelo contrário, a 14ª rodada do Campeonato Brasileiro, disputada no último fim de semana, provou o quanto estamos atrasados e parecemos regredir.
O comportamento de torcidas rivais ainda é vexatório. A qualidade técnica dos profissionais envolvidos na grande paixão do país também deixa muito a desejar. Enquanto isso, a CBF simplesmente fecha os olhos.
Cenas de guerra
Os torcedores estrangeiros que conferiram de perto o Mundial de 2014 se cansaram de exaltar a hospitalidade e o carisma dos brasileiros. Gringos de todas as partes do planeta se uniram nos duelos das seleções de fora. O exemplo deveria ter ficado. Deveria. Por aqui, rivalidade é confundida com guerra.
No último domingo, torcedores de Santos, Corinthians, Grêmio e Internacional protagonizaram episódios absurdos de violência antes de clássicos pela Série A. Organizadas de Peixe e Timão se enfrentaram com pedaços de madeira e rojões no entorno da Vila Belmiro.
Duzentos santistas cercaram a entrada dos visitantes e iniciaram uma briga campal com mais de 50 corintianos. A confusão se estendeu até o Pronto-Socorro Central de Santos, para onde foram levados os feridos.
O Grenal também rendeu fatos lamentáveis. Alguns tricolores esnobaram a orientação da Polícia Militar de seguir para o Beira-Rio junto com os demais gremistas e, com isso, não foram escoltados até o estádio.
No trajeto, colorados surpreenderam os adversários. Resultado: voaram cavaletes e pedras. Dentro do estádio, parte dos fãs do Grêmio ironizou a morte do ex-atacante Fernandão, ídolo do Internacional, vítima de um acidente de helicóptero em junho.
Erros de arbitragem
Se não bastasse a violência, dentro de campo, o futebol brasileiro passa por uma crise técnica. Além do péssimo nível dos jogadores, a arbitragem assusta.
A dupla mineira foi muito prejudicada na rodada. O Cruzeiro, no sábado, teve dois gols anulados pelo árbitro Jailson Macedo de Freitas diante do Criciúma. O alegado impedimento, no segundo deles, não existiu. A partida terminou empatada em 1 a 1.
A bola na rede de Dátolo, aos 42 minutos da etapa complementar, garantiu a vitória (2 a 1) do Atlético sobre o Palmeiras, domingo, no Horto. Mas pouco antes, o juiz Wagner do Nascimento Magalhães não assinalou penalidade depois do empurrão de Tobio em Luan, dentro da área.
Para completar, o meia do Corinthians Petros “trombou” com o árbitro Raphael Claus no clássico com o Santos, na Vila. Com denúncia por agressão encaminhada pela Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), ele pode pegar até 180 dias de suspensão.