Futebol com festa na capital, mas no interior a crise domina

Alberto Ribeiro e Felipe Torres - Do Hoje em Dia
28/06/2012 às 10:41.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:09
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

Os times da capital festejam. Cruzeiro e Atlético lideram a Série A do Campeonato Brasileiro e empolgam as suas torcidas no remodelado estádio Independência. Já o América se mantém firme na ponta da Segunda Divisão. Porém, o cenário muda fora dos limites de Belo Horizonte. Os clubes do interior parecem “jogados às moscas” e não têm nenhum motivo para comemorar.

Passados os módulos I e II do Estadual, muitos, literalmente, encostam os portões por causa do calendário do futebol mineiro, que prevê apenas a deficitária Taça Minas Gerais no restante da temporada. Tanto que, das 24 equipes que participaram dessas competições, 13 estão paradas, ou seja, mais da metade.

O último jogo do Mamoré, por exemplo, foi no dia 12 de maio, pelo Módulo II. Desde então, a equipe de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, não sabe mais o que é pisar no gramado em partidas oficiais. A situação se mostra tão complicada que o Sapo precisou emprestar praticamente todo o elenco.
“Só sobraram nove atletas aqui com a gente, todos ganhando um salário que não supera os R$ 2 mil. Assim, economizamos em despesa e fazemos com que não percam o ritmo”, conta o presidente do clube, Adalberto Ribeiro.

Prejuízo

O dirigente espera reunir toda a “turma” em novembro, quando o Mamoré começará a preparação para a temporada de 2013. “A FMF fala da Taça Minas Gerais, mas o torneio não atrai torcedores aos estádios e nos enche de prejuízos. Não há como fazer futebol assim. Para se ter uma ideia, realizamos eventos neste período, como o bingo empresarial, no próximo dia 29, na tentativa de levantar fundos”, lamenta Ribeiro.

O presidente da FMF, Paulo Schettino, reconhece as dificuldade enfrentada pelos clubes. Segundo ele, se dependesse da entidade, campeonatos aconteceriam durante toda a temporada. “Convidamos todos os clubes que participaram dos Módulos I e II para disputarem a Taça Minas Gerais, mas, infelizmente, poucos se interessaram. Só conseguimos que o torneio saísse graças ao Nacional de Nova Serrana (envolvido também na Série D) e ao Boa Esporte (na B), que se propuseram a entrar. Tivemos que prorrogar o prazo de inscrição três vezes”, relata Schettino.

De acordo com dirigente, a FMF segue de “braços abertos” para as equipes, opinião contrária à dos cartolas interioranos. “O apoio é mínimo. A Taça Minas Gerais é muito cara. A FMF não dá brecha e o custo é muito alto. Ela cobra de R$ 6 mil a 8 mil por partida e mais 20% da renda. Desse jeito, fica impossível”, revela Cristiano Júnior, presidente do Funorte, de Montes Claros.

O time do Norte de Minas amargou o descenso para a Segunda Divisão do Mineiro e só voltará a campo em agosto de 2013. “O interior se sente massacrado pela FMF. Meu prejuízo, por ficar um ano parado, gira em torno de R$ 500 mil por ano”, destaca Júnior. Schettino, por sua vez, rebate a acusação. “Ele é um moço mal informado. A FMF cobra apenas 10% da renda”, alega.

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