Futebol feminino: 'bipolaridade' do Brasil na Rio-2016, falta de apoio e apelo do ícone Marta

Guilherme Guimarães
gguimaraes@hojeemdia.com.br
19/08/2016 às 19:30.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:27

Brasil vai sediar Copa do Mundo Feminina de futebol em 2027 (Divulgação/CBF)

O atleta que veste a camisa verde e amarela carrega consigo mais do que a satisfação por defender a seleção brasileira. Tem nas costas o peso do favoritismo pela história do país ao longo da modalidade. Pentacampeã do mundo, a seleção masculina, mesmo que de forma indireta, repassa uma pressão às mulheres, que tem muito menos apoio do que os homens.

Ao sair dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro sem medalha, a seleção brasileira feminina, que era tida como uma das favoritas - perdeu a disputa do bronze nesta sexta-feira para o Canadá, por 2 a 1, na Arena Corinthians -, reascendeu a discussão sobre a falta de apoio ao futebol para mulheres no país. Com uma primeira fase que chamou a atenção pelo futebol envolvente e um número elevado de gols (oito), as meninas do Brasil não mantiveram o bom momento nos mata-matas. Sem gols o Brasil avançou nos pênaltis contra a Austrália, perdeu nos pênaltis para a Suécia, e finalizou com um tento sua participação no revés diante das canadenses.

Pouco apoio

Com a eliminação, a camisa 10 Marta, maior expoente do futebol feminino no Brasil e cinco vezes a melhor do mundo em eleição da Fifa, não conteve o choro. Em lágrimas, a jogadora pediu que o povo brasileiro siga apoiando o esporte.

"Ganhamos vários fãs na Olimpíada, enchemos os estádios. Isso é o maior prêmio. Lógico que queríamos o pódio, mas ser aplaudida em todo lugar, isso que vamos levar. Agora peço ao povo brasileiro: Não deixe de apoiar o futebol feminino. Precisamos muito de vocês", fez um apelo, misturando palavras às lágrimas.

Enquanto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) destinou quase R$ 62 milhões à seleção principal, apenas R$ 18,2 milhões foram repassados para desenvolver o futebol feminino. E em um tom crítico, Marta desabafou após o revés do Brasil diante das canadenses. 

“Quando a gente fala de (falta) apoio é não ter um calendário para jogar, para que você possa estar em atividade. Quando a gente começou a preparação (para a Olimpíada), muitas meninas não tinham clube. Aí veio a ideia de uma seleção permanente. Mesmo assim, jogamos aqui em alto nível”, comentou.

Sem entrar no mérito sobre o seu futuro na seleção, Marta, que viu sua companheira Formiga anunciar a aposentadoria, volta sua atenção ao clube que defende na Suécia, o Rosengard. “Volto para a Suécia e já vou disputar uma final pelo meu clube. É muito complicado pensar se daqui a quatro anos vamos brigar por medalha”, afirmou. 

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