Gol contra o sonho de futuros craques do futebol

Rodrigo Rodrigues - Do Hoje em Dia
22/10/2012 às 07:31.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:25

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Na contramão de preceitos legais, o assédio sexual praticado contra menores de idade aflige parte da sociedade brasileira. No meio esportivo, sobretudo, o ambiente acaba se tornando um campo ainda mais fértil para que abusos sejam cometidos e, muitas vezes, abafados na mesma velocidade.

Nos últimos anos, alguns casos agitaram o noticiário e, agora, suspeitas recaem sobre o Contagem Esporte Clube, agremiação filiada à Federação Mineira de Futebol (FMF).

Os supostos casos de assédio chegaram ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) por meio de denúncias e, desde o dia 6 de setembro, a Promotoria da Infância e da Juventude investiga se há fundamento.

O órgão instaurou o procedimento investigatório número 0079.12.058.267-5 e apura, além de casos de pedofilia, em quais condições vivem os menores sob a tutela do clube.

Criado em 2006, o time ainda não conseguiu deslanchar nas quatro linhas. Nos bastidores, porém, encontra-se envolto por uma trama nebulosa e não menos assustadora, conforme relatos ouvidos pela reportagem do Hoje em Dia.

Temendo retaliações e, até mesmo pela “própria vida”, como admitiu um dos entrevistados, as fontes terão a identidade preservada.

DENÚNCIAS

Os indícios de que algo está fora do ritmo no time da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) vieram à tona no fim de agosto, quando três garotos de 15 anos comunicaram à direção que não queriam mais seguir carreira com a camisa do Contagem.

Os jovens estavam no clube há uma semana. De forma inesperada, pediram dispensa. Questionados pela direção, revelaram o motivo da atitude.

Um deles, após ser levado para fazer exame de raio-X, foi conduzido à casa do então treinador A.N.S, de 46 anos, onde teria ocorrido o assédio.

A oferta: R$ 100, perfume importado, contrato e a garantia de ser bem-sucedido no futebol. Mas, para receber todas as regalias, “teria que fazer algo a mais”. “Se encostasse em mim, eu arrebentava ele”, revelou o menino, em 29 de agosto, um dia após o ocorrido.

Melhorar de vida

No mesmo dia, os três deixaram o clube e seguiram para Bom Despacho, de onde tinham saído. Dois deles resolveram voltar a Contagem no fim de semana seguinte para retomar o sonho e tentar melhorar de vida com o futebol.

O jovem que preferiu continuar na casa dos pais também tem seus motivos. “Ele não precisa do futebol para viver”, justificou um dos alvos da investida, que não tem parentes em Minas Gerais. A família é da Bahia.

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