Golfista brasileira questiona desistências da Olimpíada por temor ao zika

Estadão Conteúdo
23/06/2016 às 09:30.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:01
 (Divulgação/ CBG)

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Quarto colocado no ranking mundial do golfe, o irlandês Rory Mcllroy surpreendeu ao anunciar que não pretende disputar os Jogos Olímpicos do Rio por causa do vírus zika. Nos bastidores, especula-se que ele tenha desistido também por pressão de patrocinadores. Ele tem um contrato de R$ 500 milhões com a Nike, por cinco anos, mas na Olimpíada teria de usar o material esportivo da New Balance, patrocinadora do Comitê Olímpico Irlandês.

Sua saída abre caminho para Graeme McDowell, o carismático G-Mac, que já esteve entre os dez mais bem colocados do mundo e deve herdar a vaga. O atleta é um grande ídolo na Europa e conta com a simpatia dos golfistas do circuito. Mas o impacto de sua ausência já mexe com o golfe, que tem seis atletas que já avisaram que não virão ao Rio. Para a brasileira Victoria Lovelady, que busca sua vaga olímpica, os motivos são estranhos.

Como você vê as desistências de atletas do golfe na Olimpíada por causa da zika?
Eu questiono realmente o motivo dessas desistências, não sei se é por zika. Tem muitos atletas do masculino que estão desistindo e acho que eles estão tendo de sacrificar torneios que valem muito dinheiro para vir para a Olimpíada, e são eventos que valem pontos para o ranking mundial. Também tem o lado de ter de fazer todo o processo de ser um atleta olímpico, como se submeter a doping, indicar onde você vai dormir, essas coisas. É bastante trabalho ser um atleta olímpico para os golfistas, é uma mudança para eles.

Isso te surpreende?
Teve o Adams Scott, que também desistiu, mas não deu a desculpa da zika, ele simplesmente falou que não vinha. Eles ganham muita grana jogando golfe e estamos conversando sobre isso no circuito feminino. Nós mulheres não ganhamos como eles, então jogamos mais pela paixão e pelo esporte.

Nenhuma mulher do golfe desistiu até agora. Como é o sentimento das golfistas em relação a isso?
Os homens jogam por muito mais dinheiro que a gente, ganham cerca de dez vezes mais, e a agenda deles é mais focada nisso. Essa diferença de prêmios faz com que nós mulheres joguemos mais por paixão do que pela possibilidade de ganhar milhões. Um homem pode ganhar US$ 1 milhão por semana. Eu questiono também essa coisa da participação deles. Isso faz com que falem não para a Olimpíada. Já nós mulheres encaramos a Olimpíada com muito orgulho e não pensamos na parte financeira.

O que você tem falado para as pessoas que te perguntam sobre a Olimpíada no Rio?
A mídia internacional não está ajudando, ela tem dado muita ênfase ao zika. Fiquei um mês na Austrália e todas as noites tinha notícia sobre isso. O estrangeiro está se baseando demais no que tem ouvido. Quando me perguntam, eu falo que não vamos parar nossa vida normal por causa do vírus. Eu tenho falado que no período do inverno a proliferação de mosquito não é tão forte e que não deixo de ir para o meu país por causa de um vírus. É isso que tenho falado para eles.
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