A Libertadores conquistada pelo Atlético, há exatos cinco anos, representou o maior título da história do Galo, mas também o recorde de arrecadação de bilheteria no futebol da América do Sul, em competições entre clubes. Por outro lado, 38,66% daquela fortuna - R$ 5.481.694,16 - foi reservada para pagar jogadores, comissão técnica e funcionários da instituição através das gratificações por conquista, ou o famoso "bicho".
Só por vencer o Olimpia por 2 a 0 e depois erguer a taça com a vitória na disputa dos pênaltis, o elenco composto por 27 atletas partilhou, de forma proporcional à participação nas duas partidas, um bicho total de R$ 1,8 milhão. R10, Bernard, Victor, Diego Tardelli e outros protagonistas levaram R$ 100 mil (premiação cheia) de bonificação, por exemplo.
O Hoje em Dia teve acesso às planilhas de distribuição dos bichos nas quais a diretoria do Atlético detalhou as premiações da Libertadores 2013, que leva em consideração os oito jogos de mata-mata. Os documentos contêm as assinaturas do falecido diretor de futebol Eduardo Maluf, e do atual coordenador de futebol Carlos Alberto Isidoro. Eles foram anexados pelo clube na defesa de uma ação trabalhista movida por ex-cozinheiro contra o Galo.
Os bichos eram pagos ao final de cada disputa de ida e volta. Nas oitavas de final, após eliminar o São Paulo, a diretoria alvinegra separou R$ 577.694,63 para distribuir ao elenco. Quem estivesse em campo nos dois jogos receberia 100% do bicho individual - no valor de R$ 32.777,00. A comissão técnica, por sua vez, teve R$ 160 mil compartilhados proporcionalmente. Os funcionários partilharam R$ 160.620,39 entre si.
Além do "bicho", a diretoria do Atlético também pagou "valor extra" a alguns jogadores. Jemerson e Lucas Cândido, que foram inscrito só a partir da semifinal e não entraram em campo, receberam quase R$ 20 mil na decisão da Libertadores.
Nas quartas de final, o Atlético encarou o Tijuana e, após o "Milagre do Horto" protagonizado pelo goleiro Victor, se classificou. Aquela vitória no gol qualificado, no sufoco, valeu outros R$ 684 mil ao plantel. Quem foi utilizado nos 180 minutos teve depositado R$ 38 mil. A comissão técnica dividiu R$ 206.511,57 entre os membros, e os funcionários repartiram R$ 63.488,00.
Após o susto no Independência, o Atlético iniciou novos ciclos de milagres ao reverter derrotas de dois a zero no jogo de ida, fora de casa. Primeiro contra o Newell's Old Boys, superando os argentinos nos pênaltis. Passagem para decisão que valeram R$ 900 mil, sendo o "bicho" cheio individual no valor de R$ 50 mil. Os profissionais dos "bastidores" ficaram com R$ 314 mil divididos, além dos R$ 95,5 mil dos funcionários.
Na finalíssima, o presidente Alexandre Kalil dobrou as cifras. Quem foi titular nos dois jogos, ou entrou de suplente nos 180 minutos levou R$ 100 mil pra casa. Um total de R$ 1,8 milhão. Cuca e seus auxiliares de todas as ordens dividiram R$ 484 mil, já os funcionários do departamento de futebol distribuíram R$ 145.639.
R10 e Gilberto Silva protestaram o 'bicho'
em ações trabalhistas contra o Atlético
ATRASOS E TRIBUTOS
Ao longo desses cinco anos da conquista inédita da Libertadores, o Atlético se viu réu de ações trabalhistas envolvendo ex-campeões daquele título. Gilberto Silva, Ronaldinho, Richarlyson, Jô, Josué alegaram valores não pagos pelo clube. Alguns dos processos indicam o não recebimento do prêmio da Libertadores.
Gilberto, por exemplo, clama na ação movida o débito de R$ 100 mil do Galo. Essa quantia seria a soma da bonificação da semifinal (titular nas duas partidas) e da final (apenas no banco). No caso de R10, todas as pendências foram resolvidas há um tempo.
O ex-volante melhor do mundo, assim como outros atletas, mas ao contrário de Ronaldinho, tinha direito a receber os valores brutos das bonificações sem descontos de IRRF (Imposto de Renda Retido na Fonte). Isso porque recebia através de uma empresa. O ex-camisa 10 do Galo e metade do elenco tinha o desconto nos valores, por receberem como pessoas físicas.