Há três meses na China, Ricardo Goulart mantém eficiência dos tempos de Cruzeiro

Gláucio Castro - Hoje em Dia
Publicado em 20/04/2015 às 07:51.Atualizado em 16/11/2021 às 23:42.
Chegou minha hora de partir. Se Deus quiser vai dar tudo certo no Cruzeiro também”. Ciente da falta que faria ao time estrelado, com estas palavras o atacante Ricardo Goulart se despediu da torcida celeste em 13 de janeiro deste ano. Pouco mais de três meses depois, as coisas ainda não se ajustaram na equipe do técnico Marcelo Oliveira. Para o ex-camisa 28 da Raposa, que volta a campo no próximo fim de semana, a mudança para o oriente vem fazendo muito bem.
 
Mesmo ainda em fase de adaptação à nova casa e ao mundo totalmente diferente do que estava acostumado, o jogador já se tornou um dos principais goleadores do Guangzhou Evergrande, clube que pagou cerca de R$ 48 milhões para contar com seu futebol. Depois de começar a trilhar uma carreira promissora na terra dos olhos puxados, falta apenas voltar a ser lembrado pelo técnico Dunga para a Seleção Brasileira. No primeiro chamado, após a mudança de time, ele não foi convocado.
 
A adaptação ao país de cultura e língua diferentes parece não ter sido um adversário a mais para Goulart. “Por enquanto está tudo tranquilo”, garantiu ao Hoje em Dia, em uma entrevista exclusiva direto de Canton, cidade de quase 13 milhões de habitantes onde mora, localizada a cerca de 1.800 quilômetros da capital Pequim.

Neste pouco tempo com a nova camisa, Goulart se transformou praticamente num dragão chinês, uma das principais figuras da mitologia daquele país. Com a camisa do time chinês o ex-cruzeirense já contabiliza nove gols e duas assistências em 11 partidas oficiais, média de 0,81.

Na tarde do dia 4 de março, ele conquistou ainda mais o carinho dos torcedores chineses. Marcou os três gols na vitória de sua equipe contra o Western Sydney Wanderers. “Estou muito feliz pelos gols e pela adaptação. Todos me receberam bem e isso contribuiu. Os brasileiros do time também têm me ajudado muito. Espero continuar assim para buscarmos os objetivos na temporada”, comemora Goulart.

No clube, este paulista de 23 anos, nascido em São José dos Campos, não é o único jogador importado do Brasil. Com os pesados investimentos chineses no futebol brasileiro, o atacante conta com a companhia dos meias Elkeson e Renê Júnior e do atacante Alan. “Eles me ajudaram muito quando cheguei aqui. Sempre que pode, a gente está junto fora dos treinamentos”, conta o ex-meia do Cruzeiro.
 
Já conseguiu conhecer mais do país ou da cidade?
 
Quando temos folga, conseguimos conhecer sim. Já fui para Pequim, que é uma cidade bem legal e bonita. Tem muitas coisas ainda para conhecer, mas aos poucos dá para ver que é um país com muitas coisas legais.
 
O que mais te impactou nos primeiros dias?
 
Acho que a cultura, totalmente diferente da nossa. Aos poucos, vamos nos acostumando e adaptando.

Já se deparou com alguma situação curiosa?
 
Ainda não. Por enquanto, está tudo tranquilo.

Como está lidando com o idioma?
 
A maior dificuldade com certeza é a língua, apesar de o clube nos dar um bom suporte com os tradutores. Mas às vezes, para resolver algo particular, fica mais difícil. São poucos que falam inglês e muitas vezes ligamos para o tradutor nos socorrer. O bom é que tem mais três brasileiros, daí conseguimos um entrosamento legal dentro e fora de campo. Eles sempre passam algumas dicas.

Você já comeu ou foi apresentado a algum prato estranho da culinária chinesa, como sopa de cachorro e espetinho de escorpião?
 
Ainda não. Apenas vi, mas uma hora vamos ter que provar.

Os brasileiros do time se encontraram fora dos treinamentos? Você tem mais contato com quem?
 
Sim, nos encontramos sim. Todos foram muito receptivos, o Alan chegou junto comigo, e o Elkeson e o Renê Júnior já estavam no time. Nosso relacionamento é muito bom e ajuda muito, tanto dentro quanto fora de campo.
 
O que gosta de fazer nas horas vagas?
 
Quando temos folga, conseguimos aproveitar um pouco mais, saindo para outras cidades, como Pequim, e estamos conhecendo o país aos poucos. No mais, aproveito para descansar em casa, sair para jantar. Os brasileiros também estão sempre juntos e já fizemos até churrasco por aqui.
 
Você está fazendo muitos gols na China. Não teve dificuldade para se adaptar dentro de campo?
 
Estou muito feliz pelos gols e pela adaptação. Todos me receberam bem, e isso ajudou. Os brasileiros também têm me ajudado muito. Espero continuar assim para buscarmos os nossos objetivos na temporada.

Você ficou fora da primeira convocação do Dunga depois que se transferiu. Como encarou isso?
 
Hoje, o futebol pode ser visto de todos os lugares do mundo e todos têm acesso aos jogos. Espero manter um bom nível para ser lembrado nas próximas convocações. No Brasil, temos muitos jogadores de qualidade, e por isso a disputa é sempre grande em todas as posições. Não acho que é por estar longe que não fui chamado. Como o Dunga falou em entrevista, nosso campeonato aqui começou depois dos demais. O Dunga sabe da capacidade de cada jogador, e não é jogando na China ou em qualquer outro lugar que eu mudaria meu estilo de jogo. Meu papel é sempre me dedicar ao máximo, como sempre fiz.
Tem acompanhado o Cruzeiro? Por que o time caiu tanto?
Isso é normal, porque o time está em fase de reconstrução, o elenco mudou bastante do ano passado para este. Mas chegaram grandes jogadores, o Marcelo Oliveira (técnico) conhece bem o clube, escolheu as peças. Vai fazer o time funcionar bem e também avançar na Libertadores.

Mantém contato com o amigo Everton Ribeiro?
 
Quando é possível, a gente se fala. Hoje, a comunicação, com a tecnologia, fica mais fácil. Mas ainda não nos encontramos depois das saídas. Nossas esposas também são muito amigas e, com certeza, logo vamos nos encontrar.
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