Integrantes do Módulo I em Minas têm dificuldade para encontrar patrocínio

Alexandre Simões - Hoje em Dia
28/09/2015 às 08:11.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:52
 (Jeremias Henrique Xavier Jhereh)

(Jeremias Henrique Xavier Jhereh)

O dólar ultrapassando os R$ 4, a inflação aumentando e o emprego em queda. A crise econômica se instalou de vez no Brasil. E interfere na vida dos clubes do interior, que já planejam o Módulo I Campeonato Mineiro do ano que vem. O Conselho Técnico da competição será promovido pela FMF até a metade do mês que vem.

“Minha previsão é igual para todo o interior. Estamos com muita dificuldade para encontrar patrocinadores. Há dois meses procuramos e não achamos”, revela Guto Braga, presidente do Uberlândia, clube que volta ao Módulo I do Estadual depois de cinco anos.

“Vai ser pior. A gente está trabalhando com essa perspectiva. Nós temos um empresário da nossa cidade que patrocina a equipe pela paixão, pois ele tem uma fazenda e trabalha com melhoramento genético. Mas, com certeza, o orçamento de 2016 será menor que o de 2015, pois sinto que teremos mais dificuldade em arrumar outros parceiros”, prevê Roberto Túlio Miranda, presidente da URT, que escapou do rebaixamento para o Módulo II este ano apenas na última rodada.

“Geralmente, as negociações de patrocínio começam a esquentar após o Conselho Técnico. Embora a gente saiba que a fórmula de disputa não vá mudar, o empresário precisa ter algo mais claro para saber no que vai investir. Mas sem dúvida o momento de crise que o país está passando vai refletir na arrecadação dos clubes do interior”, aposta Vinícius Morais, vice-presidente do Guarani, de Divinópolis.

A percepção dos dirigentes é bancada por Amir Somoggi, um dos principais consultores de marketing e gestão esportiva do país.

“Não só nos estaduais, mas o futebol de maneira geral já vem sendo afetado até antes da crise, por uma conta que a Copa deixou, pois as empresas direcionaram mais investimentos para a competição e os clubes perderam receita. Vimos isso no bicampeão brasileiro (Cruzeiro), no São Paulo, no Santos. No caso dos clubes do interior, eles sofrem também porque o produto não é muito atrativo e os empresários da região, que sempre foram a salvação, nesse momento de crise deixam de investir”, analisa Somoggi.

Sul-Minas-Rio

Além da crise financeira, outro fator surge como um trauma para os clubes do interior mineiro, que é a criação da Liga Sul-Minas-Rio.

A entidade já é uma realidade e pretende realizar a primeira edição do torneio já no ano que vem, contando com a participação de Atlético e Cruzeiro e com jogos entre fevereiro e abril, justamente quando é disputada a primeira fase do Módulo I do Campeonato Mineiro.

A possibilidade de realização da Sul-Minas-Rio no ano que vem ainda é remota, pois o tempo é curto para que todas as medidas sejam tomadas para a confirmação da competição, que depende também de aval da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De toda forma, se os dirigentes da Liga conseguirem viabilizar o torneio, com certeza isso irá impactar na participação de Atlético e Cruzeiro no Estadual. E um grande trauma do clube do interior é receber a dupla, como mandante, com times reservas, pois isso provoca uma diminuição considerável na renda do jogo.


FMF trabalha por patrocinador master para ajudar os clubes

Responsável pela organização do Campeonato Mineiro, a FMF já trabalha para tentar evitar qualquer tipo de prejuízo para os clubes que vão disputar o Módulo I no ano que vem.

Segundo o presidente Castellar Guimarães Neto, a entidade pode anunciar nos próximos dias um novo patrocinador do Estadual, que este ano perdeu o apoio da Chevrolet.

“Começamos o trabalho com larga antecedência para não sermos surpreendidos, mas podemos ter novidade nos próximos dias em relação ao patrocinador master da Federação. A ação que fizemos este ano com a Unicef foi muito positiva e algumas empresas já nos procuraram. Há uma divergência ainda em relação a valores”, revela Castellar.

Segundo o dirigente, a FMF faz repasse aos clubes quando consegue vender a marca do Campeonato Mineiro, o que ele reconhece que neste momento está mesmo difícil.
“Depende da nossa capacidade de atração de investidores. Sabemos que nos tempos de crise, os grandes empresários, num primeiro momento, cortam patrocínios e publicidade. Temos sentido o mercado um pouco mais frio”, analisa o presidente da FMF.

Castellar garante que todas as decisões relativas ao torneio serão tomadas pelos clubes, no Conselho Técnico, que acontece até o meio do mês que vem, mas acredita que a fórmula não deve sofrer mudança, pois o Módulo I do Campeonato Mineiro é tratado pela CBF como o modelo que deve ser seguido pelas outras federações.

TV e Placas

Em relação à divisão das cotas de TV, o dirigente destaca que os clubes arrecadam valores razoáveis, sendo que Atlético e Cruzeiro ganharam mais com o Estadual em 2015 do que participando da Libertadores.

Além disso, ele revela que a comercialização das placas de publicidade nos estádios é feita pelos clubes, que ficam com 100% do dinheiro.


Programas de sócios viram apostas de Uberlândia e URT

A perda de patrocínios faz com que os clubes dependam ainda mais das suas torcidas para buscar recursos. E Guto Braga, presidente do Uberlândia, acredita que terá esse retorno.

“Lançamos nosso programa de sócio em 1º de junho, após a conquista do Módulo II, e já temos quase 400 integrantes, mesmo com o clube inativo. Próximo ao campeonato esperamos conquistar mais gente. A cidade de Uberlândia tem cerca de 700 mil habitantes e esperamos uma boa adesão”, avalia Guto Braga.

De toda forma, o dirigente do Uberlândia garante que o orçamento do clube não condiz com o tamanho da cidade, uma das maiores e mais importantes de Minas Gerais.

Durante o Módulo I deste ano, a URT teve 1.800 sócios. Com um orçamento entre R$ 300 mil e R$ 350 mil por mês, esta receita ajuda o clube a se manter no período de preparação e disputa do Estadual.

O presidente do clube, Roberto Túlio Miranda, espera conseguir pelo menos manter essa marca, embora ache difícil: “Este ano tivemos um quadro até bom de sócios. Em novembro abro de novo, mas a perspectiva é menor. Temos a certeza de que vai diminuir”.

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