Era agosto de 2004 quando Joanna Maranhão começou a conviver com um fantasma que a atormentaria até esta quinta-feira (16). Tinha apenas 17 anos quando foi quinta colocada na final dos 400m medley dos Jogos Olímpicos de Atenas. O tempo: 4min40s00, cravados, que iriam persegui-lo por longos onze anos, até os Jogos Pan-Americanos de Toronto.
Por mais de uma década, encontrou uma barreira naquela que era sua prova preferida. Na natação, os atletas costumam levar muito a sério a questão das casas dos segundos. Melhorar um milésimo, sair da casa dos 4min40s, foi uma meta que Joanna perseguiu sem nunca conseguir alcançar. O que era uma barreira no cronômetro, virou psicológica.
Chegou a desenvolver uma síndrome do pânico antes de nadar os 400m medley, tamanha a pressão que colocava sob ela mesma. Mais madura, melhor fisicamente, não conseguia superar a Joanna de 17 anos. Chegou a se aposentar sem atingir a meta.
Há um ano, decidiu voltar às piscinas. Nesta quinta-feira, depois de bater o recorde sul-americano dos 200m borboleta e nos 200m costas no Pan, Joanna caiu na piscina para dar finalmente afastar o fantasma dos 400m medley. Não baixou só um segundo, mas quase dois: 4min38s07, batendo o recorde brasileiro que durava desde aquela final olímpica.
Joanna bateu em quarto, mas merecia mais. Depois de muito comemorar o tempo, o fim do fantasma e tudo que representava a marca, a brasileira foi informada da eliminação da canadense Emily Overholt, que ganhara a prova. Assim, herdou o bronze. Em entrevista ao SporTV, disse claramente. A medalha era o menos importante.