O Brasil deve voltar a ter um laboratório para a realização de exames antidoping a partir do próximo mês. Agora chamado de Laboratório Brasileiro de Controle de Dopagem (LBCD), o antigo Ladetec, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), será reinaugurado em setembro. O espaço foi ampliado para poder receber todos os exames antidoping dos Jogos Olímpicos e também dos Paraolímpicos, segundo Luís Fernandes, secretário executivo do Ministério do Esporte.
"O LDBC terá suas instalações completas já no mês que vem, para ser equipado e para dar início ao processo de recredenciamento do laboratório", afirmou Fernandes, durante o seminário que marcou os dois anos para o início da Olimpíada do Rio.
De acordo com o secretário, o término das obras é um dos pontos de destaque da preparação do Brasil para os Jogos que serão realizados em 2016. O governo federal entregou cerca de R$ 15 milhões à UFRJ para a reforma do espaço.
O início da operação nas novas instalações era condição determinante para o Brasil poder abrir o processo de recredenciamento do laboratório pela Agência Mundial Antidoping (Wada). O Ladetec perdeu o aval da entidade para realizar exames em agosto de 2013, após errar o resultado de testes periódicos.
O governo brasileiro e a Wada negociaram, no ano passado, que o processo de nova credencial do laboratório do Rio será feito pela "fast track", ou seja, por uma via rápida, procedimento que agiliza o processo habitual. Segundo o Ministério do Esporte, o tempo normal de análise da Wada pode chegar a 24 meses, mas o prazo deve cair pela metade no caso do LBCD.
O descredenciamento do laboratório no Brasil obrigou a organização de torneios internacionais no País a executar malabarismos logísticos. No Mundial de Judô disputado no Rio no ano passado, as amostras foram enviadas para o Canadá. Já os testes da Copa do Mundo foram realizados em Lausanne, na Suíça. A Fifa acabou assumindo os custos extras de transporte e só em passagens aéreas excedentes gastou mais de R$ 500 mil.
O Brasil também assinou um acordo de cooperação com os responsáveis pela Agência Antidoping do Reino Unido. Os britânicos, que passaram pela experiência dos Jogos Olímpicos em 2012, vão auxiliar os brasileiros no processo de adequação do novo LBCD. "Estamos contando com a consultoria da equipe que operou o laboratório de Londres, e ela nos ajudará na gestão dessa estrutura física. A partir de setembro nos encontraremos em situação mais avançada do que os ingleses para os Jogos de 2012", comparou Fernandes.
Formação
Em junho, a Agência Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) começou a abrir cursos de formação para profissionais na área de controle de doping. Mais de mil pessoas devem ser selecionadas para trabalhar nos Jogos do Rio. Segundo Marco Aurélio Klein, diretor executivo da ABCD, é preciso capacitar oficiais de controle, de coleta de sangue, escoltas e operadores de estações de controle.