A ONG Atletas pelo Brasil, que nos últimos quatro anos cresceu sob o comando de Ana Moser, tem novo presidente. Raí, jogador que fez história no São Paulo, no PSG e na seleção brasileira, foi eleito para comandar a entidade pelos próximos dois anos, voltando ao cargo que foi dele nos primórdios da ONG, há 10 anos, quando ela ainda era a Atletas pela Cidadania.
Em entrevista à Rádio Estadão nesta segunda-feira (7), o ex-craque falou sobre o atual momento do esporte brasileiro. Com relação ao futebol, cobrou maior união dos clubes. "Os clubes deveriam se juntar, se organizar, discutir o interesse do campeonato como um todo. A CBF sempre teve mais força que os clubes e acaba impondo suas vontades. Ela tem mais força econômica, estabilidade financeira, e os clubes ficam dependentes do dinheiro da televisão", avalia.
"Só tem uma saída: os clubes se organizarem e criarem uma liga gerida por profissionais", continua Raí, que também acha que os clubes precisam ajudar a pensar o "produto futebol brasileiro" em parceria com a CBF. "Precisamos de um plano de melhoria do futebol como todo."
A Fundação Gol de Letra, que ele criou enquanto ainda jogava, e a militância voluntária na Atletas pelo Brasil o mantêm próximo ao futebol. Raí chegou a pensar em ser treinador, mas o "estilo de vida" sem nenhuma instabilidade não o agrada. O caminho político acabou sendo uma escolha natural. "Fui crescendo com essa experiência na minha própria família, com o Sócrates, de pensar o coletivo, com participação, seguir o que acontece com a política no mundo, no País. Essa influência familiar me levou para esse caminho", explica.
O ex-jogador admite que essa militância no esporte pode acabar levando-o a assumir cargos públicos, ainda que não tenha nenhum interesse em ser candidato. "Nunca foi minha intenção. Não pretendo ser candidato, mas uma secretaria, no futuro... Por enquanto não, mas mais para frente quem sabe contribuir com uma gestão pública em uma secretaria".