Mãozinha do governo federal para os cartolas

Amaury Ribeiro Jr. e Rodrigo Lopes - Hoje em Dia
Publicado em 21/05/2013 às 06:35.Atualizado em 21/11/2021 às 03:51.

Quando os dirigentes de federações e confederações ligadas ao esporte são investigados por desvio de dinheiro, se defendem com argumentos de que são da iniciativa privada e não podem ter contas devassadas por órgão público. Mas quando precisam de dinheiro, os cartolas recorrem ao governo federal, que prepara um pacote de bondade para eles, inclusive para alguns investigados por recebimento de propina.

Proposta

O deputado Vicente Cândido (PT-SP) prepara um projeto de lei que permite o perdão das dívidas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), da Confederação Brasileira de Clubes (CBC), da Federação Nacional dos Clubes e das demais entidades ligadas à prática desportiva. A dívida dessas entidades pode ultrapassar
R$ 300 milhões.

Desperdício

A CBF, a maior e principal interessada na anistia, paga salários milionários para funcionários e diretores. O ex-presidente Ricardo Teixeira, que mora com a família em Boca Raton, Estados Unidos, recebe mensalmente R$ 100 mil por serviços de consultoria. A CBF, inclusive, não possui qualquer trabalho social na prática esportiva.

Rombo

As eleições em 2014  já provocaram um prejuízo de milhões aos cofres públicos. Mesmo não sendo ano eleitoral, a União deixará de arrecadar R$ 300 milhões em razão de propagandas partidárias. A isenção tributária para o horário eleitoral continua em vigor, pois são veiculadas propagandas institucionais dos partidos políticos.

Recursos

Em 2009, quando não houve pleito, a perda de arrecadação foi de R$ 669 milhões, a segunda maior nos últimos 11 anos. Entre 2002 e 2012, a Receita deixou de arrecadar R$ 4 bilhões em razão de períodos eleitorais.

Benefício

As emissoras de rádio e televisão recebem para transmitir a propaganda partidária, que não é paga pelos candidatos e partidos políticos.

Para compensar o que deixam de ganhar dos anunciantes no período de veiculação, a União arca com as “perdas” por meio da renúncia fiscal. O benefício é garantido pela legislação.

Corrupção

O número de presos por crimes contra a administração pública, como corrupção e peculato, cresceu 133% entre dezembro de 2008 e dezembro de 2012, sete vezes mais que o aumento da população carcerária total.

Atualmente, 2.703 pessoas, entre funcionários públicos e empresários, cumprem pena por crime contra o serviço público, segundo o Departamento Penitenciário Nacional.

Campeão

Entre todos os crimes contra a administração pública, o que registrou maior crescimento foi o peculato – cometido por servidor que se apropria de bem público no exercício do cargo. As prisões por esse crime aumentaram 220%, desde 2008. Os números levam em conta só condenações, e não prisões temporárias. 

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