entrevista

‘Esse esporte chegou para ficar’, diz Luiz Basile, campeão mundial de beach tennis

Ex-atleta, mas ainda número 1 do mundo, conta como o beach tennis vem crescendo no cenário nacional

Angel Drumond
esportes@hojeemdia.com.br
Publicado em 08/07/2024 às 07:30.

(Txai Guerreiro)

Natural de São Paulo, porém mineiro de coração, Luiz Basile é a principal referência no país quando se fala em beach tennis, esporte que vem crescendo cada dia mais e que tem milhares de adeptos em Belo Horizonte. 

Basile, de 45 anos, está aposentado no esporte, mas ainda é o número 1 do mundo. Em seu currículo, o ex-atleta e hoje diretor técnico e técnico da Seleção Brasileira de Beach Tennis, de todas as categorias, tem vários títulos, inclusive o campeonato mundial, disputado em 2022. 

Além do mundial, Basile venceu o panamericano de simples, por equipes, foi campeão sul-americano de duplas e simples e conquistou também o campeonato brasileiro de duplas, simples e por equipe. 

Ícone do esporte, Luiz Basile hoje acumula a função de vice-presidente da Confederação Brasileira de Beach Tennis. Ele bateu um papo com o Hoje em Dia e mostrou como esse esporte tão praticado pelos mineiros caiu no gosto popular e hoje está ganhando cada vez mais espaço em competições nacionais e internacionais. 

(Davi Arduino)

Como começou sua trajetória no beach tennis?

Eu tinha um projeto que se chamava “Na quadra da escola”, que era de tênis. Fui atleta de tênis e tinha uma academia. No projeto, eu capacitava os professores de educação física nas escolas para aulas de tênis. E aí uma garota no Rio de Janeiro me ouviu falando do projeto nas redes sociais e me chamou para uma conversa. Fizemos uma reunião no Rio de Janeiro, e aí ela perguntou o que iria fazer após a conversa, e aí me apresentou o beach tennis. Eu desconhecia e me aventurei para conhecer. Comecei a bater bola em Ipanema, apaixonei com o esporte e pensei comigo: preciso levar isso para Belo Horizonte. 

Você é um ícone brasileiro do esporte. Como é ter a responsabilidade de representar o seu país mundo afora? E qual é o sentimento por representar tão bem, com títulos e no topo de ranking?

Não levo isso como uma responsabilidade, levo como prazer. É o reconhecimento do trabalho feito, tudo que a gente faz com vontade, dedicação, disciplina, a gente consegue alcançar objetivos e sempre tracei objetivos em minha vida. Quis ser o número 1 da cidade, depois o número 1 do Estado, depois o número 1 do Brasil, e aí sim, o número 1 do mundo. Tudo isso calculado, com um propósito. Os títulos que eu conquistei foram consequência de buscar o objetivo. 

Ainda sobre a pergunta anterior, como os estrangeiros enxergam o Brasil no que se refere a competição no beach tennis? Fale sobre o respeito ao nosso país como uma potência do esporte.

O Brasil é muito respeitado no cenário internacional e na América do Sul nem se fala, estou aqui na disputa do Sul-americano e a gente vê isso. O Brasil se tornou referência, principalmente pelo “boom” que aconteceu depois do aparecimento do esporte no país. Hoje, temos os melhores atletas morando no país, os melhores atletas dando aula no país. Nossa ideia é expandir o esporte para o resto do mundo. Hoje, estamos na Colômbia desbravando, mostrando o esporte. Ainda tem poucos adeptos, mas a turma vem melhorando consideravelmente. O Equador já virou um rival muito forte. Mas hoje, ainda, o Brasil é uma potência no esporte.

O esporte hoje está espalhado pelo país. Sejam grandes ou pequenas cidades, sempre há quadras e praticantes. Como vocês, profissionais do esporte, vêem esse crescimento? É positivo?

Eu vejo esse crescimento muito positivo. Quanto mais gente eu vejo praticando, mais eu penso que esse esporte chegou para ficar, que vai galgar vários objetivos, alguns ainda inimagináveis. Vejo hoje muita criança jogando, e isso mostra que o esporte está em ascensão. Vejo também cidades com 10, 15 mil habitantes que já possuem duas arenas de beach tennis. O esporte é uma válvula de escape para todas as idades e vejo praticantes dos seis aos 70 anos e isso é muito bom. Nossa ideia é que o beach tennis chegue a todos os cantos do país. 

Qual a história da Confederação Brasileira de Beach Tennis (CBBT)? Como é o trabalho da entidade e qual a sua representatividade hoje dentre os praticantes do esporte?

A CBBT foi fundada em 2009, e o beach tennis chegou no país em 2008 com um ex-profissional chamado Adão Chagas. Ele é árbitro de tênis, conheceu o esporte na Europa, trouxe para o Brasil, montou a primeira federação de beach tennis do país, que foi a carioca, na sequência montou a confederação brasileira, que hoje atua em 17 estados, com projeção de 20 estados até o fim do ano. A entidade atende hoje atletas da categoria sub-12 até 60+, todas disputando torneios de equipes, nacionais e internacionais. É uma entidade não só focada no atleta profissional, mas também no amador. A gente busca dar o mesmo tratamento para os dois tipos, pois é um esporte que ainda precisa de mais adeptos. E também somos a única entidade do país reconhecida pelo governo como representante desse esporte. 

(Txai Guerreiro)

Faltam poucos dias para o início da Olimpíada de Paris. Há algum movimento para que o beach tennis se torne um esporte olímpico? Você é a favor disso? Por quê?

Para a olimpíada a gente acha que é meio complicado. São três pontos principais para virar um esporte olímpico. O primeiro ponto é ter 55 confederações de beach tennis em 55 países diferentes. Hoje temos 42. O segundo ponto é que necessita de trabalhar o exame antidoping, para buscar a justiça no esporte, e para isso acontecer é necessário muita contribuição, já que cada exame custa mil dólares. Precisamos de patrocínio, da iniciativa privada, do governo, para que isso aconteça. E outra situação é que para entrar na olimpíada é preciso tirar um esporte para colocar o beach tennis. Se você não for um país sede, onde pode escolher três esportes, é preciso tirar um da grade esportiva. Isso é uma parte política e é preciso ser muito bem trabalhada.

Deixe um recado para quem ainda não conhece ou não pratica o esporte, convidando a conhecer, falando sobre todos os benefícios que ele traz.

Conheça o beach tennis, faça uma aula experimental, veja o quanto o esporte é sociável. Temos pessoas que se livraram da depressão, problemas com peso, diabetes, que se livraram disso para poder praticar o esporte. Pessoas começam a dormir melhor, mais cedo, para acordar e praticar o esporte. Têm uma vida mais ativa, mais saudável.

Leia mais

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por