Mineirão, o gigante de histórias

Clarissa Carvalhaes
05/09/2015 às 20:06.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:39
 ( Frederico Haikal/Hoje em Dia)

( Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Bem mais do que um imponente estádio, o Mineirão, ao longo dos 50 anos, tornou-se palco de histórias pessoais, íntimas e afetivas. Histórias como a do pai que explicou porque era importante ter um time do coração ou do namorado que ensinou a moça a assoviar um assovio tão alto que ela não resistiu e acabou dizendo “sim” para ele anos mais tarde.   “Eu não consigo lembrar contra qual time o Cruzeiro jogava naquela noite”, começa a relatar Ana Carolina Vieira, de 37 anos. Pedro Antunes, 42, não resiste e interrompe: “Foi contra o Náutico, amor. Foi em um fim de semana e o jogo acabou em 2 a 2. Que joguinho suado! Acho que foi mais fácil ensiná-la a assoviar”, brinca ele.   “Depois do jogo, a gente ficou horas no ponto esperando o ônibus, nenhum motorista parava pra gente entrar. Me lembro que sentei no meio fio, em frente ao Mineirão, e ficava ouvindo a empolgação dele repetindo cada lance com os nossos amigos. Eu acho que naquela noite descobri que a gente ia se casar.”   Já o operador de empilhadeira, Dimicley Santos, 33, tinha pouco mais de cinco anos quando entrou no Gigante pela primeira vez. “Meu pai, que era cruzeirense roxo, nos trouxe, eu e meus irmãos, para conhecermos o estádio. A gente saiu da rodoviária (vindo de João Monlevade) direto pra cá. Eu fiquei impressionado com o tamanho dele. Parecia que estávamos entrando em uma nave espacial”, recorda, aos risos.    “Há dois anos meu ‘velho’ faleceu, mas sempre que eu passo aqui na porta lembro daquele dia. É engraçado porque já voltei aqui muitas vezes, mas sempre que retorno essa é a maior lembrança: o dia que aprendi que torcer para um time era uma maneira de ficar mais perto dele e dos meus irmãos.”   Debaixo de chuva   Com a filha Júlia, de 8 anos, no colo, Reinaldo Palhares, 40 anos, lembra do que foi para ele uma das noites mais incríveis no Mineirão. Não era jogo da Libertadores, nem uma disputa decisiva por qualquer outro campeonato: “Era Atlético X Flamengo de Varginha e para esse estádio gigante só vieram 800 torcedores. Eu me lembro que era uma quarta-feira e chovia demais. Quando cheguei e vi o número de torcedores, pensei: ‘meu Deus! Que roubada!’ O resultado, considerando que estamos falando do Galo doido, você pode imaginar: ganhamos por 1 a 0 com gol feito, claro, no finzinho do segundo tempo. Fui embora congelando, mas feliz da vida”, recorda.   Eu acredito! Quem também passou aperto no Mineirão foi o casal Victor Hugo e Josiane Mendes. O motivo? A Copa Libertadores de 2013. “A gente precisava estar no Mineirão no jogo de volta”, conta ele que chegou a viajar para o Paraguai, onde assistiu ao Atlético perder para o Olimpia. “Eu acreditava, e sei que parece loucura, porque o Galo precisava vencer por dois gols, mas eu sentia que ia dar.”   E não é que deu mesmo? Na final, o Atlético venceu os paraguaios por 2 a 0 para delírio de milhares de torcedores que, assim como Victor, perderam a voz aos pés do Mineirão.

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