Mineirão terá 30º capítulo de uma história que o maior clássico de Minas não merece viver

Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br
16/09/2016 às 20:07.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:52
 (Bruno Cantini/Atlético)

(Bruno Cantini/Atlético)

O jogo deste domingo (18) entre Cruzeiro e Atlético, às 16h, no Mineirão, será o 30º confronto entre os dois desde que o fechamento do Gigante da Pampulha, para reforma visando as Copas das Confederações e do Mundo, decretou em Minas Gerais a realização de clássicos com torcida única ou com os visitantes recebendo, no máximo, 10% da carga de ingressos.
Seis anos depois, os números evidenciam que a nova era é desastrosa, principalmente na presença de público. De 1965 a 2010, os 217 clássicos entre Cruzeiro Atlético, no Mineirão, tiveram média de 53.812 pagantes.
Os 29 clássicos disputados após o fechamento do Gigante da Pampulha têm média de 25.364 pagantes.
Nos 29 capítulos da nova era, apenas um, o que foi escrito em 3 de fevereiro de 2013, teve a regra antiga. No jogo de reinauguração do Mineirão, Cruzeiro e Atlético se enfrentaram com o estádio dividido.
Foi a única vez em que o confronto teve mais de 50 mil pagantes (52.989). Foi o “velório” de um clássico que já foi uma das maiores manifestações culturais de Belo Horizonte, mas que vai se transformando num jogo qualquer, pela impossibilidade de cruzeirenses e atleticanos viverem o momento máximo da rivalidade ao mesmo tempo.
A promessa era de que o novo Mineirão seria a casa do clássico com torcidas divididas. Até porque, a reforma aumentou a capacidade do estádio para isso. São duas vias de acesso (Antônio Carlos e Catalão) e dois portões (Norte e Sul), além de uma facilidade de isolamento pela Esplanada.
Não passou de promessa. Dirigentes dos dois lados construíram foi um currículo vergonhoso no que se refere ao torcedor, com manobras que diminuíram carga de ingressos de visitantes ou afastaram o rival com preços abusivos.

Polêmicas
A final da Copa do Brasil de 2014 foi um festival de desrespeito. Presidente do Atlético na época, Alexandre Kalil não cumpriu a promessa de não pedir mais ingressos de visitante nos clássicos contra o Cruzeiro.
Pior fez o Cruzeiro, que perdedor na ida, por 2 a 0, no Horto, cobrou R$ 1 mil no bilhete de visitante e não destinou ao Atlético os 10% determinador pelo Regulamento Geral de Competições da CBF.
Este ano, na primeira fase do Estadual, o valor de R$ 120 cobrado dos visitantes pelo Atlético provocou boicote dos cruzeirenses, que viram a vitória do seu time por 1 a 0 em frente à sede do clube, no Barro Preto, por um telão.
Para o jogo de amanhã, alegando questões de segurança, mais uma vez o Cruzeiro, que em outros confrontos já cumpriu a regra, não disponibiliza 10% da carga de ingressos aos atleticanos – serão 3.500 entradas, menos de 6% do total.
Num momento de crise, em que a ida do público ao estádio diminui, com influência direta na formação de novos torcedores, os rivais mineiros abrem mão do maior produto que podem oferecer para praticar um jogo em que não só os dois clubes perdem, mas principalmente os seus apaixonados seguidores.

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