(Eddie Fowke/IFSC)
Queremos levar o esporte à juventude. Com tantas opções disponíveis, não podemos esperar que eles venham automaticamente até nós, temos que buscá-los”. Assim o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) Thomas Bach justificou a mudança radical (literalmente) no programa dos Jogos de Tóquio-2020, quando o surfe, o skate e a escalada esportiva vão distribuir medalhas, ao lado do beisebol e do caratê.
Uma alteração aprovada por unanimidade pela comissão executiva da entidade que confirma a tendência iniciada na década de 90, quando modalidades como o mountain bike e o BMX se juntaram aos esportes tradicionais.
A partir da volta das Olimpíadas à capital japonesa, a lista de modalidades tem tudo para começar a mudar radicalmente de quatro em quatro anos, não só levando em conta a tradição do país-sede, mas também os esportes em crescimento nos anos anteriores. Não será de se estranhar, portanto, se os novatos já não estiverem integrados ao evento em 2024 – tudo dependerá da popularidade e do interesse despertados no Japão. E sempre há o lobby de outras modalidades, como o futsal, o críquete e o squash.
A Carta Olímpica determina que, para se tornar olímpico, um esporte deve ser praticado em ao menos 75 países de quatro continentes, entre os homens (40 países de três continentes, no caso das mulheres), refletir o espírito dos Jogos e contribuir para valorizá-los – casos como o xadrez, que exige esforço puramente mental, ou o automobilismo, que envolve propulsão mecânica, são exceções e, ao menos por enquanto, não podem pleitear participação.
Uma preocupação básica na definição do programa olímpico é não estourar o limite de 10 mil atletas participantes, o que, nas últimas edições, fez com que algumas provas (caso do ciclismo de pista) e categorias (na vela, por exemplo) fossem descartadas para abrir espaço a novos esportes.
SEM INCHAÇO
A garantia do COI é de que as cinco novidades (no caso do beisebol/softbol, trata-se de um retorno) não incharão o evento de 2020 – a previsão é de que reunirão 474 atletas, sempre com disputas no masculino e no feminino.
Embora o formato das modalidades radicais nos Jogos ainda esteja em elaboração, as linhas gerais estão definidas. O surfe será disputado em Enoshima, mesma cidade que receberá a vela, com o formato adotado nos campeonatos profissionais (classificatórias e baterias eliminatórias).
O skate distribuirá medalhas no street (uma área que reproduz obstáculos encontrados nas ruas, como corrimãos e pequenas rampas) e no bowl (a “piscina” em concreto). Já a escalada terá eventos de bouldering (subida livre em obstáculos artificiais, sem cordas e mosquetões, com altura máxima de seis metros e colchões de proteção); lead (que premia o escalador que chegar mais alto numa via de difícil acesso) e a de velocidade, em que a disputa é paralela e avança quem completar mais rápido o trecho escolhido.