Os olhos não desgrudavam da enorme televisão de alta definição. A cada movimentação no banco de reservas da Seleção Brasileira, a ansiedade aumentava. Amigo de infância do atacante Bernard, o estudante Gustavo Mendes, de 21 anos, sofreu nessa sexta-feira (04) durante os 90 minutos da decisão contra a Colômbia e torceu muito para ver o ex-companheiro em campo.   Sensação semelhante viveu o comerciante David Dutra, de 28. Sete anos mais velho, ele viu o pequeno Bernard dar os primeiros chutes no gramado do campo do Comercial, no Barreiro, onde o atacante do Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, e da Seleção, começou a carreira.   Apesar da decepção por não ver Bernard entrar em Fortaleza, eles garantem que desde que o amigo passou a vestir a amarelinha os jogos do Brasil ganharam outra dimensão.   “É muito engraçado e emocionante ao mesmo tempo. Até bem pouco tempo ele estava aqui na porta da minha casa para a gente sair, se divertir, e hoje está disputando uma Copa do Mundo”, diz Gustavo. Ele esteve com o amigo famoso pouco antes de Bernard se apresentar ao técnico Luiz Felipe Scolari, na Granja Comary, em Teresópolis.   “Não tem como a gente não se emocionar. Nós conhecemos ele, conhecemos a família dele. É diferente você assistir a um jogo, mesmo que ele esteja no banco de reservas”, completa a dona de casa Maristela Andrade Silva, de 46 anos, mãe de Gustavo.     DISPOSIÇÃO   David acompanhou o início de Bernard no Comercial. Além da qualidade técnica e habilidade, o garoto que tem “alegria nas pernas” tinha uma outra característica que chamava a atenção do amigo.   “Ele sempre era o menorzinho, mas não se intimidava nem mesmo diante de jogadores mais velhos, como eu. Era impressionante. Logo que ele começou a jogar aqui vinham muitos vizinhos do campo para vê-lo”, relembra David, que assistiu à partida dessa sexta-feira em um espaço cultural do clube, no Barreiro.   Primeiro treinador do atacante da Seleção, Célio Moreira não pôde estar na festa dessa sexta-feira, pois está com o time do Comercial no Sul de Minas disputando uma competição. “Estou em busca de novos Bernards”, brincou, por telefone, com a reportagem do Hoje em Dia.   Vizinho de muro da casa onde o jogador nasceu e foi criado, no Barreiro, o aposentado Geraldo Delfino também assistiu mais um duelo do Brasil na Copa bastante emocionado. “Muita gente não acredita que ele era meu vizinho”, diz.

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