MP e PM não veem necessidade de torcida única no clássico de 7/3, mas posição pode ser mudada

Alexandre Simões
@oalexsimoes
06/02/2020 às 20:12.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:33

(Maurício Vieira)

Mesmo que o Cruzeiro tenha a intenção de pedir os 10% de ingressos para visitantes no clássico contra o Atlético, em 7 de março, às 16h30, no Mineirão, pela 8ª rodada do Campeonato Mineiro, a decisão final se haverá as duas torcidas no estádio será do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e da Polícia Militar (PM).

Ouvidos pela reportagem do Hoje em Dia na noite desta quinta-feira (6), os dois órgãos garantem que neste momento não há motivo para se oporem à presença de cruzeirenses como visitantes no Gigante da Pampulha daqui um mês, mas que a análise das informações que os seus respectivos serviços de inteligência colhem podem mudar essa posição.Maurício Vieira

Apesar de ter apenas cruzeirenses no estádio, muita gente ficou ferida na derrota de 2 a 0 do Cruzeiro para o Palmeiras, em 8 de dezembro do ano passado, pela última rodada do Brasileirão, quando a Raposa foi rebaixada à Série B

“Será o primeiro encontro entre os dois clubes após o rebaixamento do Cruzeiro. E isso não pode ser descartado. De toda forma, as medidas que tomamos no final do ano passado e início deste ano mostram claramente que os baderneiros precisam se enquadrar. O resultado está sendo positivo e, a princípio, não vejo problema. Mas a inteligência da PM, do MP, o monitoramento das redes sociais, isso é muito importante e se eles mostrarem que a torcida única é o mais correto, pediremos que seja assim”, afirma Paulo de Tarso Morais Filho, promotor de Justiça de Defesa do Consumidor.

A sua opinião é compartilhada pelo Major Flávio Santiago, porta-voz da PM: “Acredito que será um jogo tranquilo. As informações de bastidores que nós temos é de que os problemas diminuíram. De toda forma, essa decisão depende de um posicionamento do Ministério Público em cima da análise do campeonato e das torcidas”.

No ano passado, Paulo de Tarso foi o responsável pela ação que impediu a presença de palmeirenses no Mineirão na última rodada do Brasileirão, quando o Cruzeiro perdeu por 2 a 0 e foi rebaixado à Série B. Ele garante que a decisão de agora levará em conta tudo o que foi considerado em dezembro de 2019.

“Fomos muito criticados pelo pedido de torcida única, mas a inteligência nos passou que grande parte dos ingressos pedidos pelo Palmeiras seriam direcionados a integrantes de organizadas do Atlético. A inteligência mostrava que era um contingente muito grande que queria ir arrumar confusão. Já havia um história de confrontos entre Máfia Azul e Pavilhão Independente. Você imagina se o Mineirão, naquele 8 de dezembro, ainda tivesse visitantes de uma torcida rival. O caos seria ainda maior, com certeza. Os dirigentes e alguns jornalistas estavam preocupados com competitividade. A gente, que lida com segurança, se preocupa com vida. E assim foi tomada aquela decisão”, explica Paulo de Tarso.

Ações

O promotor afirma que as ações tomadas em relação a Máfia Azul e Pavilhão Independente estão surtindo efeito e que o MP conta inclusive com o apoio do Núcleo Dirigente Transitório do Cruzeiro.

“As duas torcidas estão punidas por um ano. Tiveram seus principais líderes presos. E nosso trabalho não acabou. De organizada, elas não tinham nada, pois não tinham nem cadastro dos integrantes. Elas eram alimentadas por dirigentes do Cruzeiro, mas isso também acabou. Já estivemos com os novos comandantes do clube e eles garantem que este tipo de relação não existirá mais. Nosso objetivo é banir dos estádios as pessoas que vão caçar confusão. Não prejudicar a grande massa de torcedores, que é formado por pessoas de bem”, garante o promotor.

Quando fala em banir os brigões dos estádios, Paulo de Tarso garante que não está em processo o pedido de extinção de Máfia Azul e Pavilhão Independente, mas que isso depende é das atitudes dos seus integrantes: “Nós temos órgaõs nacionais que lidam com essa questão das torcidas. Há muito tempo se pensou na extinção, mas depois se percebeu que deixar esses bandos soltos é pior. Mas, se em prol da segurança e da tranquilidade das pessoas isso tiver de ser feito, será o caminho”.

Minoria

Segundo Paulo de Tarso, nas três organizadas que provocam mais problemas de violência em Minas Gerais, o núcleo de brigões é relativamente pequeno: “Não temos 500 torcedores na Máfia Azul, Pavilhão e Galoucura que vão para os estádios arrumar briga. Talvez até menos. Por isso, nossas ações não foram contra a torcida do Cruzeiro, mas contra as duas organizadas do clube que causam problemas”.

Para o Major Flávio Santiago, a questão da segurança em clássicos no Mineirão seria muito mais tranquila para a PM caso voltasse a regra de estádio dividido pelas duas torcidas.

“Nós temos um pensamento de que o melhor seria sempre torcida dividida. A carga de 10% para o visitante é sempre um problema. Nós temos de empenhar uma estrutura de segurança muito maior para essa minoria. E isso será levado em consideração na análise de torcida única ou não em 7 de março”, afirma o porta-voz da PM.

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