Uma oportunidade mágica. É desta forma que Edson Cholbi do Nascimento, o Edinho, encara o desafio de comandar, a partir de amanhã, a equipe do Tricordiano. Filho de Pelé, o treinador de 46 anos vê como força do destino chegar à cidade-natal do pai e ser o comandante do time no qual atuou o avô Dondinho.Com apenas Mogi Mirim e Água Santa-SP no currículo de técnico, Edinho espera embalar, ter sucesso na equipe de Três Corações e decolar de vez na carreira.Em entrevista exclusiva ao Hoje em Dia, o “filho do Rei” relata como acertou com o Tricordiano, conta como se capacitou profissionalmente, afirma ser obrigação passar de fase no Estadual e revela como lidou com os problemas com a Justiça. Quando começaram as conversas com a diretoria do Tricordiano? Foi uma negociação demorada?Eu estava no Água Santa-SP. É coisa do mercado. Através de um conhecido do meu preparador físico, chegou a informação que o presidente do Tricordiano gostaria de conversar comigo. Agradeci muito pois estava comprometido com outro clube. Queria dar sequência no Campeonato Paulista. Quando percebi que a situação do Água Santa não ia ter continuidade, eu liberei o meu procurador a abrir conversas com o clube. Foi tudo de uma forma muito natural. Nos encontramos em São Paulo e rapidamente entramos num acordo e selamos a parceria. O que representa para você trabalhar no principal clube da cidade natal de seu pai?Não consigo colocar em palavras. É como se fosse o meu destino. Vejo que não poderia ser diferente. É uma honra para mim e difícil, sem demagogia, falar o que representa jogar na terra natal do meu pai e no time em que meu avô, Dondinho, vestiu a camisa. É coisa de família. Ter a oportunidade de defender as cores do Tricordiano é coisa mágica. Apesar de já ter atuado como auxiliar no Santos, como treinador, você teve duas rápidas experiências. Foram 13 jogos por duas equipes do interior paulista (Mogi Mirim e Água Santa). Por que durou tão pouco?Toda experiência é válida, mas em termos de currículo não considero o Mogi Mirim. No Água Santa eu consegui realizar um ciclo. Fizemos a primeira fase do Paulistão, classifiquei o time com três rodadas de antecedência. Por algumas questões de filosofia, não continuei. Mas ali pude trabalhar; botar o time em campo e colocar a minha mão na equipe. Foi o meu primeiro feito como treinador. No tempo em que você ficou longe do futebol, você se preparou para ser treinador? Fez o curso da CBF ou algum outro? Eu tive uma evolução fora dos meios tradicionais, mas privilegiado. Fui oito anos auxiliar-técnico no Santos e foi como uma faculdade, uma pós-graduação e um mestrado. Trabalhei com os maiores profissionais da atualidade, num dos maiores clubes do país. Nesta trajetória se aprende o que deve e o que não deve ser feito. Fora isso, fiz pesquisas e estudos pessoais, sem nenhum tipo de formação tradicional. Estou muito confiante no meu potencial. Em que treinador você se espelha para seguir na profissão? Qual o “estilo Edinho” que será visto em campo no Mineiro?Fui um privilegiado e trabalhei com grandes treinadores. Quem me abriu a porta foi o Luxemburgo, que é um verdadeiro padrinho e amigo. Depois dele trabalhei com outros grandes profissionais, participando diretamente de todo o processo. Em termos filosóficos, o meu mestre máximo, com quem infelizmente nunca trabalhei, é o Telê Santana. Posso dizer que em termos de leitura de jogo, me espelho em Luxemburgo e Muricy; nos filosóficos o Telê. Você tem palpitado na montagem do Galo de Três Corações? Tem gostado do método de trabalho no clube?Claro. Trabalhamos em conjunto com a diretoria. Estou diretamente em contato com o Henrique Sales (diretor de futebol) nestes 50 dias na elaboração do elenco. Falta apenas uma peça chave para fechar a equipe. Estou muito satisfeito com o que eu encontrei. É um clube jovem e pretendo contribuir neste momento. Temos grandes desafios pela frente e me sinto feliz por aceitá-los. Me sinto muito tranquilo com a retaguarda que o clube oferece. Ser filho do maior jogador de futebol de todos os tempos é uma condição que mais ajuda ou atrapalha na vida profissional? Gosta disso?É uma realidade peculiar, pois o Pelé só tem um filho que se tornou profissional. Mas é uma realidade que aprendi a administrar desde a época de atleta. Compreendo muito bem o fenômeno das formas positivas e negativas. Tenho muito orgulho de representar meu pai e minha família, que é formada por jogadores de futebol. É uma coisa que eu não consigo controlar, mas que preciso entender. Os seus problemas com a justiça – condenação por por crime de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas – podem ter freado a sua ascensão no futebol como treinador?Sem dúvida. Me trouxe prejuízo em todos os sentidos. Sou um profissional do futebol há quase 27 anos e graças a Deus todos que me conhecem nunca me questionaram. Quem não conviveu direto comigo cai na armadilha do sensacionalismo e das mentiras que são propagadas. Existe sim o processo, existiu sim o fato, mas é mais uma superação que tenho que ter na minha vida. O prejuízo maior eu já tive. Estou no caminho de reconquistar minha carreira e minha vida. Graças a Deus as portas do mercados estão novamente abertas para mim. É uma realidade que tenho que enfrentar, mas estou muito em paz com esta questão. Tenho certeza da minha inocência. N/A / N/A
Pelé e Edinho