Nascido em SP, judoca canadense faz 'vaquinha' por vaga na Rio-2016

Folhapress
13/03/2015 às 11:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:20

Um brasileiro que deseja disputar os Jogos Pan-Americanos de Toronto em casa e a Olimpíada do Rio como visitante. Pode parecer estranho, mas esta é a condição do judoca Sergio Pessoa, 26, nascido em São Paulo, mas radicado há dez anos no Canadá. Filho de Sergio Pessoa, judoca brasileiro medalhista de Ouro no Pan de Indianápolis-1987 e nono lugar em Seul-1988, ele disputou os Jogos Olímpicos de Londres-2012 pelo Canadá. Era 15º do ranking mundial, mas perdeu logo na primeira luta.   No dia seguinte à derrota, descobriu uma grave lesão e começou o drama do qual pretende sair em maio, quando espera voltar a competir, provavelmente na Croácia. Pessoa foi submetido a duas cirurgias (em setembro de 2012 e em novembro 2013) para reconstruir o ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo.   Quase dois anos sem competir. Sem patrocínio. Queda no ranking mundial. Um golpe atrás do outro. Para retornar, Pessoa entrou em um "crowdfunding" -financiamento coletivo pelo site Make a Champ (http://makeachamp.com/pt/sergiopessoa). "Não são todas as viagens que a federação canadense paga, algumas preciso tirar do bolso. Como preciso de muitos pontos para subir no ranking olímpico, tenho que competir mais. Por isso a campanha", explica Pessoa, por telefone, de Montréal.   O judoca pede 5.000 dólares canadenses (cerca de R$ 12 mil) para bancar a ida a competições na Argentina e na Turquia. "A realidade é diferente. O judô brasileiro tem muitos patrocinadores privados, aqui não. Temos menos atletas também. No Brasil, o judô é forte e vencedor", diz o atleta do peso ligeiro (até 60kg).   Os brasileiros já ganharam 19 medalhas olímpicas (três de ouro), enquanto os canadenses somam apenas cinco, nenhuma dourada. Mesmo assim, Pessoa recebe um salário do governo do Canadá. Até 2013, quando graduou-se em finanças na Universidade de Concordia, também recebia uma bolsa. No entanto, não foram as questões financeiras que levaram a família Pessoa para a América do Norte. "Mudamos pela qualidade de vida, pela experiência. Vivemos muito bem aqui", conta o judoca, que passou a morar sozinho ano passado.   O pai, que já o treinara, continua como técnico de judô da seleção da província de Quebéc. Ele se prepara com a seleção do país no reformado centro de treinamento da equipe, que fica nas instalações do estádio olímpico de Montréal, sede dos Jogos de 1976.   Em Toronto, em julho, a 500 km de onde treina e mora, ele pode manter uma tradição familiar. Além do pai, ouro em 1987, a tia, a judoca Solange Pessoa, também foi bronze em um Pan, o de Caracas-1983.   É chance do clã Pessoa continuar no mesmo caminho: dos tatames para os pódios. 

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