No clássico, periferia teve pouco policiamento

Fernando Zuba - Hoje em Dia
13/05/2013 às 07:51.
Atualizado em 21/11/2021 às 03:37

Mesmo com o número diferenciado de torcedores, uma vez que o time visitante teve direito a apenas 10% da carga total de ingressos, o clássico entre Atlético e Cruzeiro sempre é um teste de segurança. A histórica rivalidade, por si só, já merece atenção especial. No entanto, o que se viu ontem, principalmente antes da primeira partida válida pela decisão do Campeonato Mineiro, foi a completa falta de planejamento e estratégia da polícia mineira para coibir a prática de atos violentos.

Enquanto o policiamento se preocupou em vigiar o Centro, especialmente a Praça da Estação, e também os arredores do Estádio Independência, na periferia, em vários pontos de concentração de torcedores da Raposa, a região ficou totalmente descoberta.

A sede do Comando Guerreiro Eldorado (CGE), localizada na avenida João Cézar de Oliveira, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte, é ponto que sempre registra conflitos entre torcidas rivais.

A reportagem do Hoje em Dia chegou, no domingo (12), ao local às 9h30, meia hora antes do horário marcado para a concentração dos torcedores, que depois seguiriam para a Praça da Estação.

Barril de pólvora

Cerca de 500 cruzeirenses, incluindo torcedores vindos de Betim e do Barreiro (BH), estavam concentrados no local. O clima era tenso e o pior só não aconteceu por um milagre.

A todos os instantes, pessoas que passavam vestindo o uniforme do Atlético eram hostilizadas. Um homem chegou a tirar a camisa do Galo e arremessar contra o chão.
Além disso, sem a presença de policiais, pois não havia nenhum no local, bombas e foguetes pipocavam por todos os lados. Um dos integrantes da torcida ficou ferido nas pernas.

Segundo um membro da diretoria do CGE, que pediu para não ser identificado, a vítima carregava na cintura uma bomba de fabricação caseira. Ele teria se descuidado e o artefato, ao cair no chão, foi detonado.

Multiplicação

Pouco antes das 13 horas, os ônibus que fariam o transporte dos torcedores de Contagem até o Centro da capital estacionaram em uma rua paralela à João Cézar de Oliveira. Foi só nesse momento que viaturas da Polícia Militar se posicionaram para fazer a escolta.

Dois veículos de passageiros completamente abarrotados, acompanhados por carros e motos, faziam o trajeto vigiados de perto pela polícia. No entanto, no bairro Coração Eucarístico, próximo à PUC, a escolta foi desfeita. Desse ponto até a sede urbana do Cruzeiro, no Barro Preto, o comboio seguiu sem proteção.

No local, havia mais torcedores cruzeirenses esperando pela caravana de Contagem. O número de torcedores praticamente dobrou. Do Barro Preto até a Praça da Estação, eles seguiram a pé, escoltados. Mas a presença da polícia não conseguiu inibir as bombas, que continuavam a estourar. 

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