SÃO PAULO - O presidente do Instituto de Engenharia, Camil Eid, disse nesta sexta-feira (29) que a Odebrecht, empresa responsável pelas obras no Itaquerão, já encomendou uma peça para refazer a estrutura da cobertura do estádio.
Na quarta-feira (27), uma peça de 420 toneladas que estava sendo instalada desabou de um guindaste e matou dois trabalhadores. Camil disse que os equipamentos suportam alguns desequilíbrios de solo e que, caso não suportasse, travaria. Outro detalhe que o profissional indicou e que pode ter contribuído foi a situação do vento no momento do acidente.
Para retirar a peça de cima das arquibancadas, o engenheiro contou que é preciso fazer uma operação cuidadosa e que não haverá um guincho igual ao que foi utilizado para erguê-la, que suporta 1.500 toneladas. "Trazer um equipamento como esse levaria mais de dois meses e precisaria de 100 caminhões. Só existe mais um na América Latina", afirmou Camil.
A solução então será utilizar um ou dois equipamentos de menor capacidade, como mil toneladas, para retirar a peça. É possível que ela tenha de ser cortada. "Não vi nada que pudesse desagradar, os procedimentos foram feitos e a engenharia foi aplicada, mas alguma coisa aconteceu. Apesar de seguir todos os procedimentos, algo está errado, senão não teria caído", afirmou o engenheiro.
Camil ainda assegurou que não houve danos na estrutura de suporte da cobertura, já que a peça caiu entre os pilares.
Depoimento de operador de guindaste adiado
Chefe do inquérito policial sobre o acidente no Itaquerão, o delegado Luiz Antonio da Cruz afirmou na tarde desta sexta-feira (29) que começou a elaborar ofícios para ouvir envolvidos no caso.
Segundo o delegado Artur Alvim, titular do 65º DP, a partir de agora o caráter da investigação será mais "oficial". "Até então, ouvi as partes mais informalmente", disse.
Era aguardado o depoimento de José Walter Joaquim, que operava o guindaste no momento da queda. De acordo com o delegado, porém, não devem ser colhidos depoimentos nesta sexta-feira.
A Odebrecht será oficiada a encaminhar os nomes de pessoas que estavam próximas ao acidente para prestarem depoimentos. Além disso, precisará mandar o nome de outras empresas consorciadas e documentos do empreendimento. "Também já expedi ordem de serviço à investigação para localizar mais testemunhas, e isso já está sendo feito", disse Cruz.
O Corpo de Bombeiros também terá de fornecer ao inquérito documentos e informar os nomes dos integrantes que estiveram presentes ao local do acidente. A Defesa Civil terá de providenciar alguns dados preliminares.
O delegado não deu prazo para o início dos depoimentos.