SÃO PAULO – O piloto Felipe Nasr parece não sentir o peso de ser a grande esperança brasileira de novos tempos na Fórmula 1. O jovem, de 21 anos, está a um passo de disputar a primeira temporada na categoria, seja como reserva ou titular de uma equipe mediana. Williams e Sauber despontam como prováveis destino.
Sereno e escolhendo bem as palavras, o brasiliense admite negociações, mas prefere adotar a cautela. Na bagagem, leva feitos importantes, como o título da Fórmula 3 Inglesa (2010) e o quarto lugar da GP2 (2013), “vias” de acesso à F-1.
Apontado como a maior revelação do automobilismo nacional das últimas temporadas, Nasr deixa claro, em conversa com o Hoje em Dia, antes da largada do Grande Prêmio do Brasil, no domingo, em Interlagos, que sabe das dificuldades que encontrará pela frente.
A Fórmula 1 está realmente perto?
Este é o plano após completar dois anos na GP2. O objetivo da minha carreira sempre foi chegar à Fórmula 1. Nunca guiei um carro da categoria e estou ansioso. O acesso parece cada vez mais perto. Estamos sim conversando com algumas equipes. Seja como piloto reserva ou titular, o importante é tentar um lugar na F-1.
O ideal agora já seria uma equipe média?
Sim. Estar numa escuderia sem chances de mostrar resultado fica um pouco sem sentido. O trabalho só vem em combinações. Não adianta ter um bom piloto e não lhe dar condições de chegar ao resultado. Preferiria esperar pelo momento ideal, em uma equipe mediana que me dê esse potencial.
Há vantagem em sentar no cockpit de um carro de um time pequeno?
Do meu ponto de vista, se for comparar uma vaga de reserva com uma de piloto titular numa equipe pequena, pelo menos você terá a quilometragem do ano inteiro, vai aprender a lidar com as exigências e o entrosamento da F-1. Mas o ideal seria conseguir uma vaga num time mediano e brigar por resultados. É o que eu quero.
A prática de “comprar” uma vaga na F-1 te incomoda?
Infelizmente, isso está virando comum. Eu sei que tem pilotos aí que realmente levam o dinheiro e esquecem o talento. Mas também sei que os pilotos bons atraem patrocinadores bons. Existe uma diferença aí. Os talentosos estão relacionados com empresas grandes.
O caminho dos pilotos brasileiros até a F-1 tem se tornado mais difícil nos últimos anos?
Sem dúvida. Mudou muito, principalmente essa chegada de novos pilotos. Não é tão fácil, não são muitos que estão conseguindo oportunidade. Mas isso é outro problema. É algo que tem a ver com a estrutura, as categorias de base e também o investimento. Uma hora isso terá que mudar.
O que há de real na possível ida a Williams?
A Williams me procurou para conversar sobre a possibilidade de ser piloto reserva. O lugar está disponível. Vou analisar a proposta e as outras que poderiam se concretizar. Preciso ter calma.
A chegada do Felipe Massa à Williams facilitaria sua contratação?
Ele vai trazer boa experiência para a equipe. Mas, para mim, não vai fazer diferença.
Existe a chance de você seguir na GP2?
Não fico na GP2. Portanto, quero definir minha vida até dezembro.