Qual o momento ideal para lançar jogadores das categorias de base? É quase uma verdade que jovens talentos têm mais chances de vingar quando são promovidos a um time principal que vive boa fase. Na contramão de tal teoria, os pratas da casa e outros jovens valores do futebol mineiro se salvaram em meio a um tenebroso ano para Cruzeiro, Atlético e América.
Obviamente, o pior dos casos é o da Raposa. Rebaixado para a Série B nacional, o clube celeste vive fora dos gramados a pior crise financeira e política de sua história. Sem nenhum planejamento para a utilização dos garotos, as vendas e perdas de importantes atletas ao longo da temporada abriram espaço para jovens como Cacá, Éderson e Maurício, que corresponderam dentro das quatro linhas e se tornaram um importante ativo do clube.
Embora não tão trágico como o do arquirrival, o 2019 do Galo esteve longe de ser considerado o ideal para o atleticano. Mais uma vez, a grande notícia foi a boa atuação de jovens promessas do clube. Além da venda de Alerrandro, que rendeu cerca de 3 milhões de euros para os cofres alvinegros, o torcedor viu Cleiton assumir o posto do ídolo Victor e o promissor Marquinhos se destacar ao final da temporada.
Do lado americano, o sonho de voltar à Primeira Divisão se manteve vivo até a última rodada da Série B graças à atuação de jovens talentos. A temporada pode ser considerada de afirmação para Matheusinho e Zé Ricardo, alguns dos principais jogadores da equipe. Junto deles, tiveram importantes participações pratas da casa como Flávio.
Galo
Por conta das boas atuações nos últimos compromissos da equipe em 2019, Marquinhos talvez seja a grande esperança da torcida para a próxima temporada. Sem o mesmo brilho, outro que conquistou espaço no segundo semestre foi Bruninho, que deve ter ainda mais chances em 2020.
Cleiton já não é mais aposta. Arqueiro da Seleção Pré-Olímpica, o catarinense se firmou logo que assumiu o espaço deixado por São Victor. Com atuações seguras, o jovem goleiro fez com que a ausência do ídolo atleticano não fosse tão sentida.
Cleiton foi um dos destaques do Atlético durante um 2019 sem títulos
Quem viveu altos e baixos com a camisa alvinegra foi Guga. Embora formado longe de Belo Horizonte, o jovem lateral é visto como promissor e importante ativo do clube. No entanto, não conseguiu se consolidar como titular e, ao comemorar o título do Flamengo na Libertadores, perdeu moral com a Massa. Também para a lateral direita foi feita a primeira contratação do Galo para 2020. Em caso muito similar ao do carioca, Mailton foi contratado junto ao Operário após se destacar na Série B.
Cruzeiro
No caso celeste, o ingresso de jovens valores no time se deu em tom quase que de “desespero”. Não porque atletas como Éderson e Cará não tivessem potencial ou talento – até porque possuem –, mas muito em decorrência de obstáculos que fizeram parte do Cruzeiro na temporada. Lesões, saída de jogadores e falta de qualidade de algumas peças tornaram viável o aproveitamento dos pratas da casa.
O zagueiro Cacá, por exemplo, se tornou soberano em um setor que passou grande parte do ano com Léo e Dedé frequentando o departamento médico. Outro beque revelado pela Raposa, Fabrício Bruno, que retornou neste ano, após dois anos na Chapecoense, também desempenhou um bom papel. Nessa semana, entrou na Justiça contra o clube, exigindo pagamento de salários atrasados e a rescisão de contrato.
Cacá cumpriu bem seu papel na zaga, apesar do rebaixamento do Cruzeiro
Éderson, por sua vez, herdou um lugar que antes pertencia a Lucas Romero e Lucas Silva – ambos deixaram a equipe no decorrer de 2019 – e fez bons jogos, embora em algumas ocasiões a irregularidade – algo natural até pela idade – tenha dado as caras. Quem também poderia ter recebido mais oportunidades é Maurício, poucas vezes aproveitado por Rogério Ceni e Abel Braga.
América
Já o Coelho viu Matheusinho confirmar aquilo que se esperava dele desde os primeiros anos de profissional. E o jovem assumiu mesmo o protagonismo, levando um fio de esperança à torcida alviverde, que viu ainda Zé Ricardo e Flávio se destacarem. Pena que tanto esforço não tenha sido recompensado com uma vaga na elite nacional. A luta continuará no ano que vem.
Em setembro, Matheusinho ultrapassou a marca de cem jogos pelo América
* Sob supervisão de Thiago Prata