SÓCHI (Rússia) - A linha 125c que liga o centro de Sóchi até Adler, onde se localiza o Fisht Stadium, não obedece o horário estabelecido no totem eletrônico da parada de ônibus. Tampouco respeita as leis da física. Dentro dele, a caminho de Espanha x Portugal, é possível que dois corpos ocupem o mesmo espaço.
Lotado, em calor infernal, o busão faz matar a saudade do Brasil. Nada mais nacional que um ônibus acima da capacidade operacional. Mas há pontos contrastantes. Na Rússia, ou ao menos no sul dela, não há trocadores (apesar de que isso vem sendo exportado para BH), e passageiros entram pela porta de trás, sem pagar.
Sóchi, ao contrário da capital Moscou e da megalópole São Petersburgo, não tem metrô. Mas a mobilidade urbana funciona bem, e com olhares especiais aos cadeirantes. Numa cidade-resort em que a praia fica metros abaixo do nível da cidade, o mar só pode ser acessado por escadarias. E todas elas gozam de rampas paralelas fixas para o acesso da cadeira de rodas.
Nas passarelas subterrâneas que ligam um lado da rua ao outro, ainda há um pequeno elevador acoplado na parede visando a locomoção de pessoas com movimentos reduzidos.
Respeito e cuidado ao próximo, não muito visto quando se pega a auto-estrada. Aqueles vídeos de batidas de trânsito da Rússia não são feitos de forma artística. Os motoristas não têm a menor cerimônia (ou extinto de sobrevivência) ao acelerar o carro acima dos 100 km/h, com pista molhada, e frear bruscamente na traseira alheia. Alguns motociclistas até dispensam o uso de capacete.
Entretanto, há uma maneira infalível de obrigar o dono do volante a desacelerar o carro com cortesia. Basta pisar na faixa de pedestre, que imediatamente a luz vermelha da traseira do automóvel se acenderá. Ao invés dos trocadores (ou a falta deles), BH tem algo melhor para herdar de Sóchi.