Para COI, desistência de golfistas por causa do zika é 'ridícula'

Estadão Conteúdo
03/08/2016 às 20:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:09

(Mark Ralston/AFP)

O Comitê Olímpico Internacional (COI) chamou de "ridícula" a decisão dos atletas do golfe de evitarem os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, sob o argumento de que precisam se proteger do zika vírus. Nesta quarta-feira, ao debater a entrada de outras modalidades no evento a partir de 2020, um dos principais membros da entidade, Franco Carraro, criticou abertamente os esportistas de elite do golfe.

"Essa desculpa do zika é ridícula", disse Carraro, um dos delegados responsáveis pelo programa dos Jogos. No mês passado, Jason Day, o número 1 do golfe mundial, desistiu de competir no Rio e confirmou o êxodo dos principais nomes da modalidade. Esvaziado, o torneio de golfe pode acabar sendo deficitário e, dentro do COI, membros já falam claramente que a história do esporte no movimento olímpico pode ser abreviada.

Oficialmente, Day justificou sua desistência alegando que não gostaria de correr o risco de ser contaminado pelo zika vírus. "Esse é um risco potencial para futura gravidez de minha esposa e dos membros da minha família", anunciou. "Minha família sempre estará em primeiro lugar e especialistas médicos confirmaram que, ainda que pequena, a decisão de ir ao Rio vem com riscos para a saúde", disse Day, que garantiu que disputar uma Olimpíada foi "sempre um objetivo".

Mas ele não é o único a abandonar o evento. Também da Austrália já desistiram Adam Scott e Marc Leishman. Os sul-africanos Branden Grace, Louis Oosthuizen e Charl Schwartzel também avisaram que não irão. Da Irlanda, os três principais atletas já abandonaram: Shane Lowry, Rory McIlroy e Graeme McDowell. Para completar a lista, Vijay Singh, de Fiji, também abandonou.

Muitos deles, em idade de ser pai, alegaram que não estaria dispostos a arriscar a saúde de suas esposas e filhos. Se nenhum outro atleta desistir, o melhor jogador de golfe no Rio será o sueco Henrik Stenson, apenas o quinto no ranking mundial.

Mas, no COI, as desistências foram alvo de duras críticas, com acusações veladas de que o real motivo para a desistência não seria o zika, e sim a preferência pelos grandes torneios da temporada, com prêmios milionários. "Vamos ver se haverá a mesma desistência quando o zika estiver presente no sul dos EUA", ironizou um dos membros do COI. Para uma parte da entidade, esses atletas apenas estavam esperando uma justificativa para não vir ao Rio.

Outra suspeita levantada pelos dirigentes seria sobre os exames de doping, que são muito mais rigorosos durante a Olimpíada, em comparação aos testes realizados durante a temporada regular. Dick Pound, ex-diretor da Agência Mundial Antidoping (Wada), chegou a alertar no final do ano passado que o "golfe tinha problemas".

O irlandês Padraig Harrington, porém, acredita que o golfe deve ganhar a chance de ficar. "Somos atletas que temos carreiras longas. As pessoas que desistem hoje sabe que poderão competir em quatro ou oito anos", disse.

A história do golfe nos Jogos Olímpicos desde seu retorno, em 2009, foi marcada por polêmicas. A campanha pela volta da modalidade, depois de 112 anos, havia sido baseada na audiência que o COI poderia conseguir com televisões americanas, britânicas e japonesas mostrando o golfe durante os Jogos. O caráter elitista do evento também agradava aos diretores do movimento olímpico, em busca de prestígio e grandes nomes.

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