Para sempre: diante da Alemanha, Seleção passa a conviver com mais um fantasma

Hoje em Dia - Belo Horizonte
26/03/2018 às 19:30.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:02
 (CBD)

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Quase quatro anos após o vexatório 7 a 1, em 8 de julho de 2014, no Mineirão, pelas semifinais da Copa do Mundo, o Brasil reencontra a Alemanha, nesta terça-feira (27), a partir das 15h45 (de Brasília), no Estádio Olímpico, em Berlim. Longe de ser uma revanche, o confronto não passa de um amistoso, mas é impossível afastar dele o fantasma da goleada sofrida no Gigante da Pampulha, naquele que é o terceiro trauma da Seleção em Mundiais. Os dois primeiros foram a perda do título de 1950, de virada, para o Uruguai, no Maracanã, e a derrota de 3 a 2 para a Itália, em Barcelona, nas quartas de final de 1982, na Espanha. Nessas duas partidas, o empate bastava aos brasileiros.

A história do primeiro reencontro entre Brasil e Alemanha será conhecida nesta terça-feira. Mas, e como foram os primeiros jogos contra Uruguai e Itália após as sofridas derrotas de 1950 e 1982, respectivamente?

PANCADARIA

O fantasma do Maracanazo, que até hoje é um bandeirão aberto pela torcida uruguaia nos jogos contra o Brasil no Estádio Centenário, em Montevidéu, voltou a assombrar a Seleção pela primeira vez menos de dois anos após aquele 16 de julho de 1950.

Em 16 de abril de 1952, pela quarta e penúltima rodada do Campeonato Pan-Americano, que era disputado no Chile, Brasil e Uruguai se enfrentaram no Estádio Nacional, em Santiago. Os uruguaios, que seguiam treinados por Juan López, tinham cinco jogadores do Maracanazo em campo, entre eles Ghiggia, que fez o gol da virada.

Na Seleção, que já tinha trocado o treinador Flávio Costa por Zezé Moreira, entre os 11 de 1950, apenas Friaça, Bauer e Ademir participaram do reencontro com a Celeste Olímpica.

A partida valia muito para os chilenos, donos da casa, pois uma vitória uruguaia lhes garantia o título Pan-Americano por antecipação. O sangue estava quente do lado brasileiro e a partida, vencida pela Seleção por 4 a 2, terminou com uma pancadaria generalizada. Eli, do Brasil, e Míguez, do Uruguai, foram expulsos.

Na confusão, Bigode, que muita gente garantia ter levado um tapa na cara de Obdulio Varela na decisão de 1950, aproveitou a confusão e entrou na briga, tentando apagar a lenda criada com seu nome.

A vitória brasileira sobre o Uruguai e os 3 a 0 em cima do Chile, quatro dias depois, no mesmo Estádio Nacional, garantiram à Seleção o título do Pan-Americano, mas também a certeza de que o fantasma de 1950 seria para sempre.

MUITO TEMPO

Um amistoso no Estádio Renato Dall’Ara, em Bolonha, em 14 de outubro de 1989, mais de sete anos após a Tragédia do Sarriá, como ficou marcada aquela derrota do Brasil para a Itália, em 5 de julho de 1982, em Barcelona, na Espanha, marcou o reencontro entre as duas seleções, na época as únicas tricampeãs mundiais.Estadão Conteúdo/Arquivo

A Tragédia do Sarriá marcou uma geração genial do futebol brasileiro, que apresentou um futebol brilhante na Copa do Mundo de 1982, na Espanha

Passou tanto tempo entre os dois confrontos, que nem parecia que as duas Seleções, a de Telê Santana, em 1982, e a de Sebastião Lazaroni, em 1989, praticavam o mesmo esporte, pois o Brasil tinha um futebol pobre, extremamente defensivo e de pouca criatividade.

Apesar disso, venceu a Itália por 1 a 0, em sua casa, menos de um ano antes da Copa do Mundo que os italianos iriam sediar em 1990.

Curiosamente, após esse jogo em Bolonha, Brasil e Itália voltaram a se enfrentar em 1994, na decisão da Copa do Mundo dos Estados Unidos. O tetra estava em jogo e a Seleção de Parreira ganhou, nos pênaltis. Nem isso foi revanche da Tragédia do Sarriá. Até hoje aquela derrota é sentida e lembrada por quem viu jogar aquele fantástico time de Telê Santana.

HISTÓRICO

Nos confrontos seguintes ao Maracanazo e à Tragédia do Sarriá, o Brasil venceu seus carrascos. O time de Tite busca isso hoje diante de uma Alemanha que faz muitos testes e pouco caso do jogo.

Além disso, há uma diferença. Em 1950 e 1982 a Seleção viveu decepções. Em 2014, foi um vexame.

DIFERENÇAS

Como não poderia deixar de ser, os 7 a 1 dominaram a preparação de Brasil e Alemanha para o amistoso desta tarde. E pelas colocações dos dois treinadores ficou bem evidente como o amistoso no Estádio Olímpico de Berlim é tratado de forma diferente por cada um dos lados.

“A ferida continua aberta (...) este jogo de Berlim faz parte do processo de cicatrização”, garantiu Tite no seu contato de ontem com a imprensa. E o treinador brasileiro foi além: “Não podemos nos deixar intimidar ou ceder ao pânico. Vai ser um jogo complicado, sim, que vai nos exigir muito emocionalmente. Mas nossa preparação busca isso”.

Mais relaxado, o alemão Joachim Löw garantiu que o jogo de Belo Horizonte marcou sua vida.

“Esse jogo vai ser tema de conversas durante um século. Inclusive volto a ver os gols... Quando se vence por 7 a 1 uma semifinal de Copa do Mundo contra o país anfitrião... sim, fica na memória”, revelou o treinador alemão.

MUDANÇAS

Na Alemanha, Löw deve fazer seis ou sete mudanças em relação ao time que empatou em 1 a 1 com a Espanha, semana passada. Gündogan e o companheiro de City, Sané, serão titulares, enquanto os dois goleiros reservas, Trapp e Leno, vão jogar um tempo cada um.

Müller e Özil deixaram a concentração, abrindo espaço para Löw testar novas opções ofensivas na equipe.

No Brasil, Tite optou por uma formação mais defensiva, com três volantes (Casemiro, Fernandinho e Paulinho). Com isso, Douglas Costa deixa o time. (Com AFP)

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