Pela última vez, é dia de Felipe Massa no GP do Brasil. Domingo promete ser de emoção

Rodrigo Gini
rgini@hojeemdia.com.br
Publicado em 13/11/2016 às 09:18.Atualizado em 15/11/2021 às 21:38.

Ainda resta Abu Dhabi, daqui a uma semana, mas será difícil sentir, do outro lado do mundo, uma emoção tão forte quanto a dos últimos dias. Afinal, Interlagos é mais do que uma casa para Felipe Massa. No kartódromo ao lado, ele deu as primeiras aceleradas. Nos boxes, como um garoto curioso e apaixonado pela velocidade, se imaginou pela primeira vez como parte daquele mundo exclusivo – chegou a trabalhar como ajudante de cozinheiro ainda adolescente. 

Viveu a rara emoção de vencer em casa e ser saudado em delírio pelo público, com direito à concessão de vestir um macacão verde e amarelo na Ferrari. E vivenciou o momento mais marcante de uma carreira de 15 temporadas no Mundial de Fórmula 1. Hoje, quando os sinais vermelhos se apagarem, às 14h, e for dada a largada para o GP do Brasil, pela última vez curvas e retas conhecidas vão passar tão rápido.

Ah, aquele motor quebrado na Hungria, quando liderava, aquele reabastecimento mal-feito pelos mecânicos do Cavallino Rampante em Cingapura e, principalmente, aquele arranjo da Renault na mesma prova, com a batida proposital de Nelsinho Piquet para favorecer o companheiro Fernando Alonso. Não fosse isso e aquele 2 de novembro de 2008 não teria um gosto tão amargo.

Por duas voltas, o paulista foi campeão mundial, quando uma improvável combinação de resultados se materializou. Ele fez sua parte: largou da pole, liderou com pista seca, debaixo de um temporal e recebeu a bandeirada em primeiro. Mas, alguns metros atrás, Lewis Hamilton herdou o quinto lugar de um Timo Glock perdido com pneus lisos no asfalto encharcado e, por um mísero ponto, acabou levando a melhor.

Mola

Talvez não tão doído quanto o acidente que deixou a vida e[/TEXTO] o futuro na categoria em risco, quando uma mola que se desprendeu da Brawn de Rubens Barrichello atingiu seu capacete em cheio na Hungria’2009, deixando-o em coma e diante de uma complicada recuperação.

Houve quem dissesse que, dali em diante, ele nunca mais teria sido o mesmo piloto. Bobagem. Teve dificuldade para se adaptar a alguns regulamentos, não conseguia poupar os pneus com a mesma eficiência do companheiro Fernando Alonso, mas voltou ao pódio, num período em que Sebastian Vettel e a Red Bull davam as cartas.

Reconciliação

O ciclo na Ferrari chegou ao fim em 2013 – muitos disseram que a carreira no circo deveria terminar ali –, mas felizmente o papel decisivo na volta da Williams às primeiras posições o reconciliou com boa parte da torcida e fez os fanáticos italianos sentirem saudade do brasileiro. Vieram a pole na Áustria’2014 (a única do ano não conseguida por uma Mercedes) e cinco pódios, com o carinho dos tifosi em Monza, mesmo vestindo outras cores. 

De quase aposentado, Felipe passou a ser um nome considerado para continuar por bons anos, especialmente com a revolução nas regras para 2017 que premiarão a capacidade de desenvolver o carro. A queda da Williams este ano; a onda jovem que invadiu o circo e a vontade de viver o automobilismo de forma menos estressante e curtir a família o levaram a optar por encerrar a passagem pela F-1, sem deixar as pistas.

Com todos os motivos – 11 vitórias, 16 poles e 41 pódios principalmente – para ter orgulho do que fez. E receber, de quem curte a velocidade, um muito obrigado.

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