Rei na América

Pelé deu pontapé inicial para popularização do futebol nos EUA

Alecsander Heinrick
esportes@hojeemdia.com.br
Publicado em 30/12/2022 às 08:30.

(Site Oficial New York Cosmos)

Pelé havia se aposentado do futebol pelo Santos em 1974, mas em 1975 uma proposta dos EUA tirou o Rei do descanso. A ideia dos americanos era fazer do Rei do Futebol o cara que popularizaria o futebol no país, já que o basquete, o beisebol e o futebol americano dominavam o gosto popular, com o futebol ficando escanteado.

O governo americano, através do secretário de estado, Henry Kissinger, chegou a enviar um telegrama ao chanceler brasileiro, Antonio Azeredo da Silveira, pedindo ajuda para convencer Pelé, alegando que a contratação contribuiria para estreitar as relações entre os países.

O ex-jogador foi convencido também pelo alto salário que lhe foi prometido, o maior do mundo na época. Não há confirmações oficiais do valor, mas especula-se que girava em torno de 2,8 milhão de dólares por ano. Quantia extremamente significativa, principalmente para o Rei, que possuía algumas dívidas por investimentos errados.

Em 1975, Pelé desembarcou na cidade de Nova York para jogar no New York Cosmos, time da gigante produtora Warner. Ele estreou em junho daquele ano, com um gol e uma assistência no empate do Cosmos contra o Dallas Tornado. O Rei do Futmostrou que faria diferença publicitariamente logo no primeiro jogo, que foi transmitido para mais de 30 países e ultrapassou 10 milhões de espectadores, recorde americano para futebol na época.

Com Pelé, a North American Soccer League (NASL), principal liga de futebol nos EUA na época, teve aumento de média de público de 10 mil para algo próximo a 30 mil. Só o NY Cosmos alcançou 35 mil pagantes e, em três jogos, bateu o recorde de público da terra do Tio Sam, o último deles, em 1977, levando 77.691 torcedores ao Giants Stadium. O craque também ajudou a atrair outras estrelas do futebol mundial, como o holandês Johan Cruyff, o português Eusébio, o alemão Franz Beckenbauer e o compatriota Carlos Alberto Torres.

Pelé atuou por três anos nos EUA com a camisa do NY Cosmos, sendo eleito o MVP (melhor jogador) em 1976 e campeão em 1977, ano em que se aposentou. A aposentadoria foi em um jogo entre o Cosmos e o Santos, únicos dois times que ele atuou na carreira, com ele jogando um tempo em cada time.

Declínio após o Rei

Pelé foi peça chave para popularizar o futebol nos EUA enquanto estava atuando por lá, mas quando ele se aposentou, as coisas voltaram a como eram antes. A média de público caiu, os contratos de TV diminuíram e o interesse pelo futebol foi junto. Com isso, a NASL e seus times tiveram problemas financeiros, o que fez com que a liga acabasse em 1984, com apenas nove times ainda na disputa, sendo que, ao longo das 17 temporadas em que existiu, mais de 60 clubes já haviam passado por ela.

Os problemas após a saída do Rei do Futebol atingiram também o Cosmos, que entrou em declínio ao longo dos anos seguintes. Após o fim da NASL, torneio em que era o maior campeão com cinco conquistas, o time ainda jogou uma temporada (1985) pela Major Indoor Soccer League.

Após isso, o Cosmos entrou em hiato, tendo já tentado voltar a ser relevante em algumas ocasiões, mas sempre sem sucesso. Atualmente é basicamente um “time imaginário”, que tem sua história, mas não disputa campeonatos ou sequer realiza jogos.

Copa do Mundo, MLS e Beckham

Mesmo após se aposentar, Pelé seguiu tentando ajudar o futebol a crescer nos EUA. Ele foi peça importante para que o país fosse eleito para sediar a Copa do Mundo de 1994. Com a Copa, os americanos foram obrigados a criar uma nova liga de futebol profissional, já que não havia nenhuma desde o fim da NASL. Daí surgiu a Major League Soccer (MLS), que teve sua primeira temporada em 1996. Desde então, a competição vem se popularizando cada vez no país, que agora receberá a Copa do Mundo de 2026 como um país que consome e entende o futebol.

A MLS vem se tornando uma liga que a NASL sonhou em ser quando contratou Pelé. Se o Rei conseguiu popularizar o futebol e atrair olhares que foram embora junto com a aposentadoria, o inglês David Beckham foi além desde que chegou aos EUA no no início dos anos 2000. Para muitos, Beckham conseguiu enraizar o futebol na cultura de consumo de esporte dos americanos.

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