Prometendo uma nova era no futebol, o francês Michel Platini anunciou oficialmente nesta quarta-feira (29) a sua candidatura para o cargo de presidente da Fifa. Assim, depois de adiar a sua entrada na luta pelo cargo, o que até gerou um racha com Joseph Blatter, o ex-jogador finalmente vai disputar o posto que tem como seu maior objetivo há anos.
Anteriormente, o francês havia sido escolhido pelo atual presidente da Fifa como a pessoa que o sucederia. Mas Platini considerou que Blatter o traiu. Em 2011, apesar de ter prometido que não concorreria a um quarto mandato, o suíço voltou a se apresentar às eleições. A ruptura foi inevitável. Em 2015, uma vez mais Blatter rompeu sua própria promessa e voltou a se candidatar.
Platini considerava que, enquanto Blatter estivesse no páreo e usando toda a máquina financeira da Fifa para conquistar votos, ele jamais conseguiria apoio suficiente. Agora, sem Blatter na corrida e com a Conmebol enfraquecida, o francês considerou que chegou sua vez.
Em sua promessa de campanha, o dirigente de 60 anos indica que quer "renovar" o futebol. "Quero trazer de volta a dignidade para a Fifa e recolocá-la onde ela merece", indicou o francês. "Estou num momento decisivo da minha vida e em eventos que estão moldando o futuro da Fifa", disse.
Ele ainda criticou o fato de que, por quase meio século, a Fifa teve apenas dois presidentes: João Havelange e Blatter. Platini será apoiado ainda pelos grandes clubes europeus, como o Barcelona, que promete fazer campanha nos bastidores pelo francês.
Platini deixou claro que pesou seu passado como esportista na decisão anunciada nesta quarta-feira. "Essa foi uma decisão muito pessoal e cuidadosamente considerada", declarou o francês, que indicou que fez um exame de seu passado em campo e o que o novo cargo poderia significar para sua história.
O ex-jogador afirmou ainda que foi apoiado por muitos dirigentes pelo mundo, num esforço de mostrar que não será o candidato apenas da Europa. Ele ainda insistiu que, agora, quer unir o mundo do futebol e oferecer a todas as associações nacionais uma causa comum: "ouvir a todos e respeitar a diversidade do jogo pelo mundo". Ele ainda promete "humildade" e a percepção de que "não pode agir sozinho".
Platini, na carta a todas as associações nacionais, indicou que vem defendendo novas ideias para "dar de volta à Fifa a dignidade e a posição que merece". Mas, por enquanto, não explicou o que pretende fazer para reconquistar a credibilidade mundial.
O francês foi contra a introdução da tecnologia no futebol, não aprovou leis para estabelecer limites de mandatos na Uefa e não publicou seu salário. Além disso, ocupa por mais de dez anos a vice-presidência da Fifa, onde presenciou todos os escândalos sem agir.
Agora, promete mudanças e levar aos torcedores "a Fifa que todos queremos: uma Fifa que é exemplar, unida e que mostra solidariedade, uma Fifa que é respeitada, amada e que é do povo".
Nos últimos anos, Platini incrementou o poder dos clubes dentro da Uefa e elevou os prêmios financeiros. Esse, porém, é um dos grandes obstáculos para que ele receba apoio de outras partes do mundo que temem estar elegendo um representante dos clubes, e não das federações.
Ex-jogador e presidente da Uefa, Platini terá a tarefa de limpar a entidade máxima do futebol. Mas, se vencer as eleições, assumirá uma entidade em sem direção, em caos financeiro e sob o risco de ver ainda seus cartolas detidos.
Diante das prisões de dirigentes no dia 27 de maio, a Fifa mergulhou em seu momento mais difícil. Patrocinadores exigiram a saída de Blatter e a convocação de novas eleições. Agora, a entidade não consegue sequer atrair novos parceiros comerciais. Um programa para levantar US$ 200 milhões com 20 novos patrocinadores foi engavetado. Do lado dos patrocinadores, a ordem é a de não dar qualquer sinal de apoio à atual gestão enquanto não houver uma mudança no comando.
Mas Platini terá de conviver com uma outra polêmica: ele foi um dos dirigentes que, em 2010, votou no Catar no processo de escolha da sede da Copa do Mundo de 2022 e esteve reunido com o ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, e o emir do Catar para debater o voto e investimentos. Platini, que inicialmente apoiava os Estados Unidos, mudou de ideia. Mas garante que jamais foi pago por isso.