PPP do Mineirão é questionada em audiência na Assembleia

Hoje em Dia
25/05/2015 às 16:34.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:12
 (Agência I7 )

(Agência I7 )

Assinado em dezembro 2010, o contrato de Parceria Público-Público Privada (PPP) entre o Governo do Estado e a Minas Arena ainda rende discussões. E nesta segunda-feira (25) o tema novamente foi debatido. O professor de direito da faculdade Pitágoras Jarbas Filho de Lacerda defendeu aos deputados das Comissões de Administração Pública e de Esporte, Lazer e Juventude da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que é necessária uma ampla verificação do cumprimento do contrato entre o Estado e a concessionária que administra o Gigante da Pampulha.   Segundo o especialista, a Minas Arena recebe uma remuneração mensal, composta de uma parcela fixa e uma complementar. A primeira é referente ao empréstimo contraído no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e soma R$ 7,7 milhões mensais. A segunda, de R$ 3,7 milhões, refere-se ao desempenho financeiro da empresa. “A PPP foi uma contratação, pelo Estado, de uma administradora de um dos seus bens. Ainda assim, há dificuldade de acesso aos dados do contrato, apesar de ser de interesse público”, explicou.    Para ele, é necessário um monitoramento rigoroso do uso do Mineirão, uma vez que, somente em 2014, foram repassados R$ 144 milhões à concessionária. “A administração da Minas Arena não tem sido eficiente, até porque, desde 2013, não foi feito qualquer investimento no estádio. A manutenção é alta e os custos são repassados aos torcedores, aos clubes e ao Estado”, lamentou.   Parlamentares defendem CPI   O deputado Rogério Correia lembrou que existe uma tentativa de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o tema na Assembleia. De acordo com ele, há elementos suficientes para a investigação, uma vez que os projetos de engenharia e arquitetura teriam sido licitados por valores muito acima dos utilizados em outros estádios reformados para a Copa do Mundo. “Uma auditoria técnica do Tribunal de Contas mostra irregularidades e superfaturamento nas obras. Há uma avaliação de que foi gasto o dobro do previsto na modernização do Mineirão”, afirmou.   Ainda segundo o parlamentar, o contrato de PPP estabeleceu garantia de lucro de R$ 3,7 milhões à Minas Arena todos os meses, pago pelo Estado. "Apesar disso, a empresa agora solicita a recomposição do equilíbrio financeiro do contrato, por dizer que não consegue arcar com os custos, em especial pelo fato de o Atlético não usar o estádio", afirmou. Ele sugeriu a rescisão do contrato, "pelo bem do Estado e dos clubes".   Já o deputado Iran Barbosa destacou que a garantia do Estado de R$ 3,7 milhões mensais para a concessionária é estranha, principalmente pelo fato de as obras terem sido feitas em sua maior parte com verbas públicas. O parlamentar também lamentou a restrição do acesso aos dados do contrato com a Minas Arena, sob a alegação de sigilo comercial privado. “Hoje, é quase impossível saber quanto a Minas Arena recebe pela exploração de eventos externos e para o uso dos camarotes, por exemplo. Até a Secretaria de Estado de Esportes tem dificuldade em monitorar o contrato”, finalizou.   PPP foi bom negócio para o Estado, segundo parlamentar   O deputado Gustavo Valadares (PSDB) defendeu que a reforma do Mineirão custou R$ 677 milhões e o Governo do Estado não teve nenhum gasto durante a execução da obra. Segundo ele, o pagamento dos R$ 3,7 milhões mensais representa o financiamento desse montante e será pago pelo Estado em 27 anos. O parlamentar rechaçou, ainda, a informação de que a PPP obrigue o Estado a garantir os lucros da Minas Arena pelo uso do estádio.“A obra teve início em 2010 e foi entregue em 2012, no prazo acordado e no valor estipulado. O custo da reforma foi menor que a maioria dos estádios utilizados na Copa do Mundo”, afirmou.   Sobre as auditorias citadas pelos deputados, o procurador-geral do Ministério Público de Contas do Estado, Daniel Carvalho Guimarães, afirmou que há dois processos no Tribunal de Contas relativos à PPP do Mineirão. Um deles ainda não teria sido concluído e o outro apontaria irregularidades que não teriam comprometido a realização da obra. De acordo com ele, foram feitas recomendações em relação ao processo para efeito de aprendizado.   “Foi determinada a realização de estudos em relação à remuneração da concessionária para evitar prejuízos e o monitoramento da avaliação de desempenho da gestão e dos sistemas de investimento da Minas Arena”, explicou. Ele também reforçou que o pagamento mensal feito pelo Estado à Minas Arena é referente ao financiamento da reforma do Mineirão, mas que há multas previstas à concessionária para o caso do índice financeiro ser insatisfatório, ao longo de cinco anos não consecutivos.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por